Parada nas indústrias frigoríficas reflete no preço do boi

Mercado da bovinocultura de corte sofre mais um revés. Os preços da arroba do gado em Mato Grosso apresentam tendência de baixa com a realocação de abates para junho e julho, após paralisação dos frigoríficos durante uma semana em maio, por causa da interrupção no transporte rodoviário de cargas durante 10 dias.
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Mercado da bovinocultura de corte sofre mais um revés. Os preços da arroba do gado em Mato Grosso apresentam tendência de baixa com a realocação de abates para junho e julho, após paralisação dos frigoríficos durante uma semana em maio, por causa da interrupção no transporte rodoviário de cargas durante 10 dias. Com o aumento da oferta de animais, provocada pela suspensão temporária nos abates, o preço médio da arroba registra queda de 2,45% em junho, ante maio, segundo a associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

Cotações do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que o preço médio da arroba do boi gordo à vista chegou a R$ 127,65 na sexta-feira (8) no Estado, com retração semanal de 1,20%. Da mesma forma, o preço médio da arroba da vaca à vista recuou em 0,33% na última semana, encerrada com cotação de R$ 120,32. Na percepção do diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, ainda é cedo para traçar tendência de preços na pecuária de corte. Segundo ele, tradicionalmente em julho há uma depreciação na arroba, devido à seca.

Como ainda há registros de chuvas em algumas regiões, os pecuaristas conseguem manter os animais nos pastos por mais tempo. “O produtor e o consumidor mais uma vez pagam a conta. A suspensão dos abates em decorrência da manifestação dos caminhoneiros provocou o chamado ‘represamento’ de boi, aumentando a oferta de animais. Com isso, o preço da arroba já caiu”.

De acordo com o Imea, pelo segundo ano consecutivo a bovinocultura de corte sofreu um “baque” de fora da porteira. No mês passado foram abatidos 338,3 mil bovinos, 18,55% a menos que em abril. A abrupta queda mensal confirma o pior resultado desde abril de 2017, período que sucedeu a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março, para investigar fraudes em produtos frigoríficos e corrupção entre agentes públicos do Ministério da Agricultura (Mapa).

“Historicamente, maio apresenta volume maior de abate que abril. No entanto, a paralisação dos caminhoneiros nas duas últimas semanas de maio contribuiu para que em 2018 este fato histórico não se repetisse”, comentam os analistas de pecuária do Imea. Segundo eles, a situação atípica indica tendência de aumento dos abates este mês e no próximo, pressionando o mercado do boi gordo nas próximas semanas.

Vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo/MT), Paulo Bellincanta, confirma que os preços  na carne bovina começaram a cair, com reflexo na cotação da arroba. Ainda assim, considera que os valores atuais pagos pela indústria continuam altos para o atual nível de venda. “O preço do boi gordo em Mato Grosso do Sul e Goiás está abaixo de Mato Grosso. Isso dificulta a venda de quem produz carne em Mato Grosso”. Segundo ele, só em frete a indústria local tem acréscimo de R$ 3 a R$ 5 a mais por arroba em relação a esses estados