Pecuarista de SP é mais afetado pela crise do que o de MT

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Há exatamente cinco meses, o mercado de carne entrava em rebuliço com a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

Nesse período, o setor sofreu ainda os efeitos de outras crises, entre as quais a deflagrada pela delação premiada de Joesley Batista, da JBS.

Avaliando esses meses, os números do setor mostram que o pecuarista de São Paulo sofre mais os efeitos da crise do que os de Mato Grosso.

O preço da arroba de boi gordo no norte de Mato Grosso, uma região com boa concentração de gado, é apenas 9% inferior ao praticado em São Paulo, mercado formador do preço nacional.

O cenário atual é bem melhor para os pecuaristas mato-grossenses, uma vez que a diferença no mesmo período do ano passado era de 17%.

Os dados são do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

Luciano Vacari, da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), afirma, entretanto, que, diante de tudo o que vem ocorrendo no setor desde março, não se pode dizer que um esteja melhor do que o outro.

“Enquanto o pecuarista de Mato Grosso está no hospital, o de São Paulo permanece na UTI”, acrescenta.

Mariane Crespoline, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), diz que “há uma estiagem de bois em São Paulo”.

A dificuldade de obtenção de boi pronto para abate leva a indústria paulista a buscar o gado em outros Estados, dando sustentação aos preços nessas regiões.

Crespoline, que esteve circulando pelas principais regiões de gado do Estado de São Paulo nos últimos dias, diz que “é pequeno o volume de gado pronto para abate para as próximas duas semanas”.

Diante desse novo cenário no setor, parte dos pecuaristas mudou a forma de comercialização do gado. Antes, vendiam lotes grandes para ganhar no volume. Agora, o produtor separa os animais em lotes menores e tenta ganhar no preço.

Animais com qualidade e rastreabilidade chegam a alcançar preços maiores em Goiás do que em São Paulo. Na média, no entanto, os preços de Goiás são menores do que os de São Paulo, segundo ela.

Ângelo Ozelane, gestor técnico do Imea, diz que “essa redução de margem tem de tudo um pouco: mudança na alíquota de ICMS, Funrural, delação premiada e pastos de má qualidade”.

Para Ozelane, outro fator de mudança nessa paridade foi o fato de a queda de preços do boi ter sido mais acentuada em São Paulo do que em outros Estados.

Ele acrescenta, porém, que a diferença de preços está voltando ao normal. No caso de Mato Grosso, ela é de 11%, em média.

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Suínos – As exportações de carne suína da União Europeia para a China não repetem o bom desempenho que tiveram no ano passado.

Queda – De janeiro a junho, os chineses compraram 685 mil toneladas dessa proteína dos europeus, 31% menos do que em igual período do ano passado.

Alta – Já o Japão, segundo melhor mercado externo para os europeus, compraram 210 mil toneladas, 7% mais do que de janeiro a junho de 2016, segundo dados da Eurostat.

Frango – O Brasil liderou as vendas de carne de frango para a União Europeia. Os europeus compraram 232 mil toneladas dos brasileiros até junho, um volume, contudo, 12% inferior ao de igual período do ano passado.