Prosa Quente com Luciano Vacari

Em entrevista aos editores da DBO, o diretor executivo da Acrimat lamenta que as lideranças do setor ainda não tenham amadurecido para a importância de integração da cadeia produtiva da carne
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

Ele é um executivo bem preparado, influente e respeitado. É conhecido por ser franco e direto, “não ter papas na língua” nem medo de ser mal interpretado ou de, com isso, atingir interesses que, eventualmente, possam se voltar contra ele. Estamos falando de Luciano Vacari, 43 anos, diretor executivo da Acrimat – Associação dos Criadores de Mato Grosso, entidade que congrega cerca de 3.000 produtores no Estado que detém o maior rebanho bovino do País, com quase 30 milhões de cabeças de gado (16% do total), a maioria de corte. A Acrimat é uma entidade também influente e atuante, que está presente em fóruns que vão da organização da cadeia produtiva até os interesses mais diretos dos pecuaristas. E Vacari é o responsável por sua gestão administrativa e estratégica. Ele não é produtor nem tem fazenda. E também não é mato-grossense. Nasceu na paulista Bálsamo, região metropolitana de São José do Rio Preto, no norte do Estado. Foi para Tangará da Serra, sudoeste do MT, em 1976, quando tinha dois anos de idade, o pai a tocar um negócio com madeira na região. Mudou-se para Cuiabá em 1988, para fazer o antigo Colegial.

Entrou para o mundo do agronegócio quase por acaso, depois de ter abandonado a faculdade de Medicina no quinto ano e ter tentado fazer Farmácia. Com 28 anos de idade, não sabia o que fazer da vida. “Aí, achei um panfleto de um curso técnico de gestão de agronegócios pela Universidade de Várzea Grande, vizinha a Cuiabá. Fiz o curso e conheci um monte de produtores e um cara que estava montando um escritório que seria parceiro de uma corretora da BM&F”, lembra. Desse contato surgiu a possibilidade de ir para São Paulo, para conhecer a Bolsa de Valores e Mercadorias, local pelo qual ficou apaixonado. “Era romântico ver tudo aquilo”, expressa, referindo-se à configuração da época (2005), quando os pregões ainda eram presenciais, com toda aquela agitação de gente ao telefone e gritando a cada lance. Acabou trabalhando um tempo num escritório em Cuiabá que operava contrato futuro na Bolsa para um cliente pecuarista, mas ficou por pouco tempo. Mas da visita à Bolsa ficou um contato que lhe rendeu um convite para uma parceria com uma corretora de São Paulo, que lhe proporcionou outros convites de outras corretoras. Uma delas, a Conmcor, queria fechar uma parceria com a Famato – Federação de Agricultura do Mato Grosso e o contratou.

O trabalho era tocar o “Centro Boi” – Central de Comercialização de Boi, serviço que consistia em operar a venda de bois com trava de preço na BM&F, visando a compra de insumos. Disse que “não entendia nada de boi”, mas foi incentivado a aceitar a tarefa e topou. Trabalhou nessa parceria nos anos de 2005 e 2006.

Foi nesse período também que a Famato encomendou para a Universidade Federal de Viçosa um diagnóstico da bovinocultura de corte de Mato Grosso, trabalho que permitiu a Vacari conhecer com profundidade a pecuária do Estado. No meio do caminho, recebeu um convite para estruturar a operação de contrato a termo do Frigorífico Quatro Marcos [de São José do Quatro Marcos, sudoeste do MT], fruto da bagagem de mercado futuro que tinha adquirido. Aceitou, sob a condição de poder terminar o diagnóstico encomendado pela Famato. O trabalho terminou em 2007 e uma das conclusões da UFV foi que o Estado precisava ter uma associação de criadores voltada para aspectos mercadológicos. Tinha de ser reestruturada e, para isso, precisava de um superintendente técnico. Foi para essa função que Vacari foi convidado, no mesmo ano, e onde permaneceu até 2014. Saiu para implantar o Imac – Instituto Mato-Grossense da Carne, entidade inspirada no Instituto Nacional de Carnes do Uruguai. Foi presidente do instituto até o fim de 2016 e voltou para a Acrimat em janeiro de 2017.