CARNE CARBONO ZERO

24/11/2016

Diariamente são publicados artigos ambientalistas, geralmente com viés catastrófico, com a pretensão de verdade científica. A pecuária, como contribuinte da emissão de gases de efeito estufa (GEE) é um deles. Um recente relatório da FAO, faz até uma recomendação para a restrição do consumo da carne, argumentando que ela seria uma das principais causas do […]

Diariamente são publicados artigos ambientalistas, geralmente com viés catastrófico, com a pretensão de verdade científica.

A pecuária, como contribuinte da emissão de gases de efeito estufa (GEE) é um deles.

Um recente relatório da FAO, faz até uma recomendação para a restrição do consumo da carne, argumentando que ela seria uma das principais causas do aquecimento global.

Algumas publicações chegam a dizer que o Agro em geral é responsável por 70% destas emissões. De tão absurdos que são estes dados, parece que foram calculados num ambiente totalmente idiotizado.

Pessimismo sempre deu boa bilheteria.

Seguindo este mesmo raciocínio, também deveriam ser restringidos o uso dos automóveis, caminhões, aviões, trens, indústrias e geração de energia. Todos estes avanços tecnológicos são de uso generalizado pelo homem e são grandes emissores de GEE.

A pecuária sempre foi colocada como vilã do aquecimento. Um absurdo. Emoção e ideologia nunca se deram bem com a razão e a ciência.

Com relação a pecuária parece que nas calculadoras dos ambientalistas só existe o sinal de adição. Somam tudo que emite carbono e se esquecem de subtrair o carbono sequestrado.

Embora estejamos ainda com saldo negativo, novas tecnologias poderão reduzir a zero nosso déficit.

Analisemos abaixo as principais tecnologias, já em uso, para redução das emissões de GEE na pecuária:

  • Ionóforos e leveduras

São aditivos que misturados as rações e no sal mineral modificam a flora do rumem promovendo uma redução significativa na emissão de metano.

  • Redução da idade de abate

Os bovinos emitem metano durante toda sua vida. Quanto menor a idade do abate, menos emissões ocorrerão. Os confinamentos e novas tecnologias de engorda a pasto reduziram muito a média da idade de abate dos bois.

  • Reforma e adubação de pastagens

Capins mais produtivos, além de possuir mais colmos e folhas, possuem raízes mais numerosas, mais fortes e profundas, que além de sequestrarem carbono pelo volume dos pastos ainda transferem carbono para as camadas mais profundas do solo. Esta tecnologia se constitui na maior ação para atingir a meta nacional de mitigação dos GEE.

  • Sistema silvipastoril (Integração Pecuária-Floresta)

É o consórcio de pastagens com florestas, com o objetivo de adicionar renda, mantendo a produtividade dos pastos. A introdução do componente florestal nas pastagens promoverá um considerável sequestro de carbono, que tornará positivo o saldo de carbono na pecuária.

As pressões econômicas induzirão a uma maior velocidade na adesão dessas tecnologias. Presume-se que nos próximos 15 a 20 anos estaremos festejando o nosso saldo zero na
s emissões de GEE.

A velocidade do aquecimento é bem menor que a velocidade do avanço da ciência para contê-lo.

Tecnologia é a palavra chave. Ela é inexorável no mundo de hoje. Sem uso da ciência na agropecuária já teríamos desmatado todo o planeta para alimentar os nossos 7 bilhões de habitantes.

A agropecuária tem grande importância na geração de divisas e empregos e principalmente na interiorização do desenvolvimento.

Somente a existência de empresas rurais rentáveis, garantem um crescimento sustentável.

Não há dúvida que uma nova consciência ambiental esta surgindo.

A causa ambientalista conduzida com bom senso e respaldada pela ciência deve ser seguida e defendida por todos.

A boa notícia para a pecuária é que todas as ações de redução dos GEE resultam em ganhos econômicos.

Portanto, podem continuar a comer o seu bife diário e churrasco domingueiro com nenhum peso na consciência.

 

ARNO SCHNEIDER

Engº Agrônomo e Pecuarista

 

Fonte: Arno Schneider