Diante do lento escoamento da produção de carne no mercado interno, a exportação se mostra uma alternativa cada vez mais atraente. Além da demanda aquecida, a vantagem está no preço da mercadoria. Para o zootecnista José Pedro Crespo, cuja experiência é de mais de 25 anos atuando junto à indústria frigorífica, o mercado externo é opção para agregar valor à carne.
“A conta precisa fechar, mas depende do pecuarista decidir vender a @ a R$ 157 e abastecer o varejo ou tentar aumentar sua receita”, diz. Segundo ele, nosso mercado é muito menos exigente e precisará ser abastecido, mas diante do decréscimo no consumo, com a queda no poder de compra do brasileiro, uma das saídas hoje é conseguir exportar.
Em avaliação dos mercados ao redor do mundo, desde a expectativa do consumidor do Egito, passando pelo gosto do iraniano, chinês, até chegar ao europeu e japonês, Crespo levanta as preferência do comprador internacional.
“O frigorífico pode fazer qualquer corte na carcaça, vender coxão mole, coxão duro, mas o melhor prêmio na Europa é pelo contra-filé e pelo filé mignon. Então, o que vamos vender para eles?”, pergunta. De acordo com o especialista, decisão mais acertada é sempre aquela que permite adequar o produto ao gosto do freguês e, consequentemente, agregar valor à mercadoria.
“No caso da China um dos pontos relevantes hoje é a idade dos animais, havendo restrição para compra de bovinos com mais de 30 meses”. Com diferentes públicos, o país abre espaço para embarque de cortes tanto do traseiro como do dianteiro.
Falando dos Estados Unidos, Crespo afirma que ainda que a opção seja vender carne moída para a produção de hambúrguer, a relação comercial vale a pena. “Estamos falando de mais uma alternativa para a indústria e da busca por mercados menos voláteis”. Até o final do ano, a confirmação da abertura para exportação de carne bovina brasileira in natura para o país pode ajudar a melhorar esse cenário.
Aproximação com a indústria
A fim de conseguir melhores resultados para toda a cadeia no Brasil, Crespo acredita na aproximação entre pecuaristas e frigoríficos. “Independentemente de ser grande ou pequeno, o produtor precisa conhecer os processos da indústria. Saber qual o destino da sua produção e que acabamento, pH da carne e idade de abate esperam de nós”, diz.
Além disso, conhecer as iniciativas que estão em tramitação. Ele cita algumas: abertura do mercado de miúdos para comércio com os Estados Unidos; agenda estratégica da União Europeia; apoio comercial mexicano; painel com a Indonésia; aproximação com Taiwan e Tailândia, além da espera pela abertura de mercados como Japão e Coreia.