Em um estado com um quarto do Valor Bruto de Produção (VBP) do Agro na pecuária, e que tem o maior rebanho do país, com mais de 29 milhões de cabeças, os cuidados com imunização resguardam não só a sanidade animal do rebanho, mas a economia também. Essas são as principais razões pelas quais o programa nacional de combate à brucelose tem apresentado resultados significativos em Mato Grosso. “Produzimos mais de 1,3 milhão de toneladas de carne bovina por ano, das quais exportamos mais de trezentas mil. Alimentar o Brasil e mais de 100 países do mundo com qualidade exige responsabilidade no controle sanitário para garantir também a credibilidade no nosso produto”, afirma Francisco Manzi, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Em Mato Grosso, o Programa Estadual de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PECEBT) iniciou suas ações em 2003, desde então, a prevalência de brucelose no rebanho estadual caiu de 10,2% para 5,1%. O número é destaque de uma dissertação de mestrado, apresentada pela responsável pelo PECEBT, Dra. Janice Barddal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O primeiro estudo, realizado em 2002, revelou que esse índice em Mato Grosso, era o maior do país. Com o alerta, a vacinação das fêmeas de 3 a 8 meses passou a ser obrigatória em 2003. Em 2005, o programa condicionou ainda, a emissão de Guias de Transporte Animal (GTA), à imunização do rebanho contra a doença. O novo estudo, aponta também a redução de focos – de 41,2% para 24,3%. “Nós tivemos uma queda bastante significativa da doença. Isso nos mostra que a vacinação é eficaz e o programa está atingindo seus objetivos. Porém esse é um status que ainda pode ser melhorado, já que os níveis de erradicação só se dão aos 2%. Temos que manter os trabalhos de imunização”, destacou Janice.
Para o gerente Institucional da Acrimat, o médico veterinário, Nilton Mesquita Junior, os números representam o comprometimento dos pecuaristas com sua produção. “A atenção com o calendário e com a qualidade na vacinação fazem parte da conscientização dos produtores. Em 2015 mais de 60% das propriedades aplicaram a vacina, alcançando 99,5% das bezerras. Esse processo de imunização exige planejamento, já que impacta diretamente na produtividade. Outro fator que auxiliou no controle dos índices foi o abate considerável de fêmeas nos últimos 10 anos, retirando as ‘positivas’ do rebanho”, afirma Nilton. Além das 26,5 milhões de bezerras vacinadas de 2003 a 2014, foram abatidas 28,9 milhões de fêmeas, segundo o estudo.
O estudo revelou ainda, o perfil das propriedades com fatores de risco. “As áreas de maior prevalência têm compartilhamento de pastagens – sobretudo das maternidades, pouco controle na entrada de novos reprodutores, que em geral são propriedades de gado de corte e mistas. O que mudou é que a pecuária leiteira, que antes era fonte de preocupação, agora apresentou evolução significativa no controle da brucelose”, ressalta Janice. Segundo a responsável pelo programa a conscientização é fundamental para manter a curva crescente dos resultados.
Para Nilton, o próximo passo é voltar os olhos para a execução dos procedimentos. “A Acrimat tem sido parceira do programa em todas as suas etapas. Os números são claros e apontam o que exatamente precisa ser trabalhado. Intensificar e fiscalizar a qualidade da vacinação, e a manutenção desse calendário é primordial para que Mato Grosso alcance os índices de erradicação”, disse Nilton que ainda reforça a obrigatoriedade da prescrição da vacina e supervisão feitas por um médico veterinário.
Com um Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) instituído pelo MAPA em 2000, a brucelose é uma doença bacteriana grave que acomete bovinos, suínos, equinos, caprinos, ovinos. Considerada zoonose, já que pode ser transmitida para humanos, em caso de incidência os animais devem ser enviados ao frigorífico para abate e a propriedade fica em quarentena, impactando também economicamente. O plano tem como objetivo baixar a prevalência e a incidência de casos de brucelose e de tuberculose bovina e bubalina, além de certificar um número significativo de propriedades que ofereçam ao consumidor produtos de baixo risco sanitário.
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