Os pecuaristas mato-grossenses ofertaram 500 mil euros ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para pagamento da dívida brasileira na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O anúncio foi feito nesta sexta (12), durante encontro entre lideranças do setor e diretoria da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) na residência do ministro Blairo Maggi, em Rondonópolis.
O pagamento da dívida tem como objetivo reconquistar uma cadeira junto à Organização, que hoje coordena e incentiva, no mundo todo, a investigação e elaboração de normas sanitárias. “Ajudamos tanto o Paraguai e hoje aquele país tem assento na OIE e nós não temos. Não temos porque não pagamos a nossa conta, não tínhamos dinheiro. E, de forma espontânea, os pecuaristas de Mato Grosso ofereceram essa quantia para comprar novamente nossa cadeira, fazendo com que o Brasil volte a ser representado e tenha voz”, comemora Maggi.
O montante deverá sair dos fundos que a pecuária possui como o Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (Fabov) ou do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa). “Ainda não temos a definição, pois é a Associação dos Criadores que está à frente deste acordo e estamos aguardando. Seria um compromisso do Governo Federal, mas como não está sendo feito, para o bem da pecuária brasileira, nos comprometemos com o pagamento”, explica o presidente do Fabov, Jorge Pires.
Para o presidente da Acrimat, José Bernardes, essa será outra grande conquista para a pecuária mato-grossense e brasileira, pois o Brasil voltará a ser ouvido nesta que é considerada uma mais importantes organizações no que diz respeito à saúde animal. “A cadeira mais importante nós não temos. E ter um assento em definitivo na OIE, participando das decisões fará toda a diferença, especialmente, no que diz respeito à comercialização de produtos de origem animal. Hoje a Organização Mundial do Comércio (OMC) reconhece as normas da OIE e isso trará mais garantias à nossa produção”, explica.
O anúncio veio de encontro a um momento importante em que a pecuária mato-grossense vive, no qual passará – dentro dos próximos dias – a exportar carne in natura para os Estados Unidos, tendo Mato Grosso como responsável por cerca de 25% do volume exportado. O acordo com os norte-americanos é considerado uma “vitrine” e deverá abrir portas para outros mercados tão exigentes quanto o mercado americano. Atualmente, Mato Grosso é o segundo maior exportador de carne bovina do país.
Economia Mapa
Além do pagamento da dívida com a OIE, o ministro também anunciou uma série de medidas que deverão gerar uma economia anual ao Mapa de pelo menos R$ 1 bilhão, segundo estimativas. As alterações deverão ser feitas nos próximos dois meses. Neste primeiro momento, cerca de 60 mudanças nas normas do Ministério serão feitas visando a desburocratização e economia.
“Temos um orçamento engessado e para fazer com que o agronegócio ande, tenho que olhar para dentro do Mapa e, junto com os setores produtivos e as federações e associações, perguntar o que pode ser melhorado. Quais são as preocupações e formas de economizar. Isso está sendo feito. Isso se chama gestão. É um pleito muito antigo e nunca foi realizado e não custa absolutamente nada para o governo federal. Basta ter o entendimento do que é melhor”, finaliza Maggi.