Depreciação, sal mineral, aluguel de pasto e exame andrológico são alguns dos possíveis custos envolvidos na manutenção de um touro na fazenda. Mas até que ponto vale arcar com todos esses gastos e não adquirir animais melhoradores? Pesquisa feita pela Embrapa Gado de Corte com gado Nelore respondeu a essa pergunta por meio de simulações com valores atualizados para o ano de 2016.
Para a pesquisadora Thaís Basso, da Embrapa Gado de Corte, colocar na balança o custo-benefício é fundamental. “Por isso, calculamos o custo anual por touro na fazenda e o custo por prenhez”, diz. Este ano, para a praça de Campo Grande, foi feita estimativa com um animal de valor equivalente a 70@ de boi gordo (R$ 140/@), vida últil de 8 anos e 10% de ganho genético para uma fazenda de cria, recria e engorda com plantel de 1.000 vacas. Considerando uma prenhez de 80% e relação touro-vaca de 1:30, chegou-se aos seguintes resultados:
Feito o cálculo do custo, passamos ao cálculo do benefício – que é sentido no ganho de peso do bezerro à desmama. “Hoje sabemos que a média de peso à desmama de um bezerro filho de touro comum é de 180 kg para o macho e 165 kg para a fêmea”, afirma Thaís. Adquirindo um animal com 5% de ganho genético, os valores saltam para 200 kg e 180 kg, respectivamente. Já com 10% de ganho genético, como no exemplo citado, as médias são de 210 kg no caso do macho e 190 kg no caso da fêmea.
Extrapolando os ganhos para a nossa fazenda de 1.000 vacas, 80% de prenhez e relação touro-vaca 1:30 – que apresenta mortalidade de 3% entre os bezerros nascidos –, teria-se:
Total de bezerros nascidos: 800
Total de bezerros desmamados: 776
Preço do kg do bezerro: R$ 6
Diferença por bezerro com 10% de ganho genético: R$ 165
Total do benefício de bezerros desmamados com 10% de ganho genético: R$ 128.040
Aplicando o custo de R$ 1.921,57 para os 33 touros usados na estação de monta, o custo total com a sua manutenção anual na fazenda é de R$ 63.411,81. Comparativamente a um touro comum sem avaliação genética, que está custando em torno de R$ 4.200 (30@ de boi gordo; R$ 140/@), a conclusão a que se chega é:
“Então, podemos dizer que os investimentos na aquisição de touros são compensadores em função do ganho genético proporcionado”, explica a pesquisadora. Para fazer a melhor escolha pelos animais, ela recomenda ter em mente: desempenho na avaliação genética, tipo de plantel em que serão utilizados, número de vacas com que serão acasalados, tempo de permanência na fazenda e taxa de prenhez na fazenda.
Como é possível observar no gráfico abaixo, quanto maior a taxa de prenhez na fazenda, maior a diluição do gasto com o touro:
Segundo Thaís, hoje, no Brasil, 90% das coberturas ainda são feitas a partir de monta natural, sendo apenas 10% resultantes de inseminação artificial. “Há 10 anos esse número era ainda menor, de 5%. Então, tivemos um avanço”, afirma.
Fonte: Portal DBO