Burocracia derruba competitividade da carne na ampliação de mercado

“Abrir mercado é essencial, mas, paralelo a isso é preciso ter competitividade”, avalia o diretor o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio

“Abrir mercado é essencial, mas, paralelo a isso é preciso ter competitividade”, avalia o diretor o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio. Em entrevista para o RDNEWS, ele ressalta a importância dos novos mercados, bem como o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo ministro Blairo Maggi a frente do Mapa em busca de novos mercados e cita que as questões burocráticas ainda são um grande entrave para o setor.

 Até o fim do ano, Abiec pretende retomar números de 2014, que geraram receita de US$ 7 bi ao país

Até o fim do ano, Abiec pretende retomar números de 2014, que geraram receita de US$ 7 bi ao país

Para ele, a burocracia ainda é fato impeditivo para muitas negociações e derruba a eficiência e a competitividade da cadeia da carne e, talvez por isso, o Brasil continue com dificuldade de acesso a alguns mercados. “Somos muito bons dentro da fazenda e da indústria, mas temos um ambiente ruim fora delas. Outro fator são as razões protecionistas e supostamente sanitárias. Enfim, temos muito a avançar no mercado internacional”, diz.

Atualmente, o Brasil detém 17% da participação do mercado da carne bovina mundial, onde Mato Grosso aparece como o segundo maior exportador no país, ficando atrás apenas de São Paulo. Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil exportou 845 mil toneladas de carne bovina in natura, alta de 10% em relação ao volume do mesmo período no ano passado. Desse total, Mato Grosso foi responsável por cerca de 20%, tendo exportado cerca de 165 mil toneladas.

Em relação ao faturamento, as vendas brasileiras alcançaram a soma de US$ 3,3 bilhões, queda de 1% se comparado ao mesmo período (jan a jul) de 2015. Só Mato Grosso faturou mais de R$ 503 milhões, representando aproximadamente 17% do montante.

O diretor conta que para elevar esses números existem diversos mercados importantes que podem ser trabalhados e que a carne brasileira ainda não tem acesso, como o México e o Canadá. Além disso, revela que o Brasil deve negociar em breve com o Japão e que já existem mercados em processo de abertura como é o caso da Thailândia e Taiwã, onde o ministro do Mapa, Blairo Maggi, tem visitas com este objetivo.

“Quanto mais mercados você tem à disposição, melhor você consegue rentabilizar a carcaça. Nós desmontamos o boi e a nossa função é achar o melhor mercado para cada parte do boi. Os Estados Unidos representam um importante mercado, aberto recentemente, pois vamos conseguir valorizar a dianteira, mais difícil de ser comercializada no mercado interno”.

No entanto, além de avançar nas negociações com outras nações, ele cita que é preciso crescer também no quesito competitividade. “O acesso junto com a competitividade que vai determinar o quanto nossa participação poderá crescer no mercado mundial da carne”. Para ele, a competitividade não pode depender somente do câmbio. O ideal seria trabalhar outras áreas, especialmente as legislações tributárias e trabalhistas, bem como melhor relacionamento entre o setor e governo.

Mesmo com tantos entraves, até o fim do ano, a Abiec espera retomar os números de 2014, quando as exportações alcançaram 1,5 milhão de toneladas, gerando a receita de US$ 7,2 bilhões para o Brasil.