Pesquisa realizada na Fazenda Ressaca, em Cáceres, realizada por pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), está avaliando a emissão e o sequestro de carbono pela pecuária. A hipótese dos pesquisadores é de que o manejo adequado na pastagem e na produção de soja e milho, seja benéfico ao meio ambiente, uma vez que o sequestro deve sobressair ao volume de gases gerados. Os primeiros resultados oficiais da pesquisa serão divulgados em fevereiro.
De acordo com Cassiano Cremon, pesquisador e coordenador do projeto que estuda emissão e características do carbono, o Protocolo de Quioto prevê que países incapazes de sequestrar gases prejudiciais à atmosfera deverão pagar os que desenvolverem essa habilidade. Segundo ele, hoje é trabalhada a ideia de suspeita de que a agricultura praticada nessa região, inclusive a pastagem, carrega grande potencial de se apresentar como exímia sequestradora, o que poderá gerar receita para a propriedade nos mercados de carbono mundo afora.
Já para o diretor da Fazenda Ressaca, Ilson Corrêa, que trabalha com pecuária na região há cerca de três décadas, os resultados servirão para apresentar o real papel das propriedades rurais no desempenho do meio ambiente. Corrêa diz que abriu as porteiras da fazenda, com a segurança de que os números serão positivos. Isso porque o bom manejo entre as culturas e a quantidade de folhagens, certamente, contribuem para um sequestro de carbono superior à emissão, tornando a conta positiva à agropecuária local. Na mesma linha de raciocínio, Cremon explica o déficit de países como a China e dos Estados Unidos, que terão uma conta ambiental salgada.
Segundo ele, no Brasil se acredita que a Amazônia seria parcela dessa salvação, mas foi descoberto que a floresta ao Norte do país emite quase a mesma quantidade de gases que sequestra. No entanto, alguns estudos apontam para a vantagem da agropecuária já implantada e bem manejada, que pode sequestrar muito mais gases do que emitir, devido aos microorganismos presentes na pastagem. Para os estudos, o time de pesquisadores coletará solo de talhões dedicados à soja e ao milho para silagem, culturas consideradas sequestradoras potenciais de Carbono, principalmente quando cultivadas por plantio direto. Também retirarão solo dos espaços destinados à pastagem, mata nativa e pastagem com morte súbita.
No Brasil, pelas Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a agricultura e a pecuária foram responsáveis por 37% das emissões nacionais em 2012 e a mudança do uso da terra, por 15%. De 1990 a 2012 houve uma queda na porcentagem de participação da mudança do uso da terra no total de emissões, decorrente do controle do desmatamento ilegal, colocando os outros setores em evidência. Com isso, a agricultura e a produção de energia tornaram-se proporcionalmente os maiores emissores de GEE brasileiros, mesmo sem aumento significativo na emissão absoluta.