Diferença entre abates e couro indica informalidade maior da pecuária

Em tempos de crise, cresce a informalidade. Foi o que ocorreu com o abate de bois no ano passado

Em tempos de crise, cresce a informalidade. Foi o que ocorreu com o abate de bois no ano passado.

Foram abatidos, oficialmente, 29,7 milhões de bovinos no país, mas apareceram 33,6 milhões de couros no mercado.

Esse milagre da multiplicação dos couros sempre existiu. Mas, nos últimos anos, essa diferença vinha caindo.

No ano passado, o número de couros superou em 13% o total de abates de bois em frigoríficos fiscalizados. Em 2015, o percentual havia sido bem menor, de 7,8%.

Os dados oficiais de abates são divulgados trimestralmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e levam em consideração os animais que passam por algum tipo de serviço de inspeção sanitária.

Essa diferença ocorre porque o couro do boi que é abatido na informalidade acaba nos cortumes e é contabilizado pelo IBGE.

Maranhão e Bahia foram os Estados que mais registraram crescimento na venda de couro bovino em 2016. Já Mato Grosso, detentor do maior rebanho nacional, registrou queda na oferta.

Recessão interna e estabilidade no volume exportado fizeram com que os abates de boi do último trimestre do ano passado recuassem para o menor patamar desde 2011 nesse período.

Um dos sinais da crise econômica sobre o setor, e consequente redução de demanda, é que dos 13 principais cortes de carne bovina, apenas um teve reajuste próximo ao da inflação média do ano passado. Nos demais, houve perda.

Enquanto o IPCA apontou alta de 6,3% em 2016, o filé mignon e o contrafilé, por exemplo, tiveram reajustes anuais próximos a 3%.

As exportações do setor de carne bovina, levando em consideração apenas o tipo “in natura”, somaram 1,1 milhão de toneladas, com ligeiro recuo.