A Coreia do Sul suspendeu a proibição temporária de importações de frango da BRF após confirmar que nunca comprou esse tipo de produto estragado do Brasil, informou a agência Bloomberg. A decisão de suspender a importação foi tomada após a Operação Carne Fraca apontar fiscalização irregular de frigoríficos no Brasil.
Na segunda-feira (20), o Ministério da Agricultura sul-coreano anunciou que iria intensificar a fiscalização de carne de frango importada do Brasil e restringiria temporariamente as vendas de produtos da BRF, que detém as marcas Sadia, Perdigão e Qualy no Brasil. O país determinou ainda que fornecedores brasileiros de carne de frango enviem um certificado de saúde emitido pelo governo brasileiro.
Mais de 80% das 107.400 toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul no ano passado vieram do Brasil, sendo quase metade fornecida pela BRF. A empresa não se pronunciou sobre a decisão.
Nesta terça-feira, o presidente Michel Temer afirmou que um “alarde” em torno da operação Carne Fraca causou “embaraço econômico” para o país. Ele, porém, disse que há uma “insignificância” nos números revelados pelas investigações.
“Houve um grande alarde nos últimos dias em relação à carne brasileira. Evidentemente que isso causa, não posso deixar de registrar, um embaraço econômico para o país, porque alguns países já pensam ou pensaram em suspender [a importação]”, afirmou o presidente.
De acordo com Temer, a decisão da Coreia do Sul em retomar as importações da carne de frango brasileira se deu, provavelmente, em função da “pronta resposta das autoridades brasileiras, e dos esclarecimentos mais do que cabais”.
UE e China
A União Europeia e a China também anunciaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira. A UE pediu que o Brasil suspenda a exportação de empresas envolvidas e a China determinou a retenção das carnes brasileiras nos portos.
O governo brasileiro trabalha para que as restrições fiquem restritas somente às 21 unidades investigadas, e não a todas exportadoras. Durante um evento em São Paulo nesta segunda-feira (20), o presidente Michel Temer afirmou que o agronegócio não pode ser desvalorizado por um “pequeno núcleo”.
Segundo o presidente, 6 das 21 unidades suspeitas de fraudes exportaram nos últimos 60 dias. Em uma tentativa de tranquilizar os países importadores, Temer reuniu embaixadores para jantar em uma churrascaria de Brasília, no domingo.
Entre as investigadas, 5 unidades já foram suspensas de forma preventiva, informaram associações do setor. As unidades com certificação suspensa não podem vender para o mercado interno, nem para o externo.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado e agora se preocupa com os impactos negativos do esquema de venda de carne supostamente adulterada.
A Operação Carne Fraca foi deflagrada na última sexta-feira (17), com mais de 1 mil policiais envolvidos para cumprir 309 mandados, depois de 2 anos de investigações. No total, são 21 empresas são suspeitas de fraudes.
A ação envolve grandes como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas, mas também frigoríficos menores, como Mastercarnes e Peccin, do Paraná. As empresas negam irregularidades.