O governo brasileiro apelou aos demais países na Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta quarta-feira (22), que não adotem medidas e barreiras “arbitrárias” sob a justificativa de estar protegendo seus consumidores domésticos depois da revelação da fraude no setor de carnes. Num documento enviado a 165 países, o Itamaraty insistiu que o sistema de controle sanitário do país é “sólido” e tentou minimizar a dimensão do problema, apontando que apenas um número pequeno de fiscais e funcionários foi alvo de suspeitas.
Para justificar o apelo, o governo explicou que a Operação Carne Fraca se refere à suspeita de corrupção, e não de condições sanitárias dos produtos. “No espírito de transparência e cooperação, esperamos que os membros não recorram a medidas que poderiam constituir restrições arbitrárias ao comércio internacional ou que possam ir na direção contrária de acordos e disciplinas da OMC”, indicou o governo no documento, que também seria lido na tarde desta quarta-feira pelo Itamaraty numa reunião em Genebra.
O discurso vem no momento em que diversos países suspenderam a importação de carne brasileira ou pediram informações ao governo. Ao menos 12 nações já tiveram alguma reação após o início da Operação Carne Fraca. A pedido do Palácio do Planalto, postos diplomáticos nas principais capitais estão sendo instruídas a dar explicações sobre o caso e insistir que não existe motivo para frear as importações.
O governo, porém, insiste que está levando a sério os resultados da investigação, que Temer está pessoalmente envolvido no assunto e que considera que a operação da PF por si só é “prova da transparência e credibilidade” dos controles. “Os controles sanitários do Brasil são sólidos e podem ser confiados”, mostra o documento. “Os procedimentos são eficientes e resultam em alimentos seguros para o consumo. Reiteramos nosso compromisso em continuar a melhorar as garantias de nosso sistema de controle sanitário”.
“O Ministério da Agricultura é amplamente reconhecido por seu serviço rigoroso e robusto de inspeção”, afirmou a diplomacia, apontando para a “excelência” dos produtos nacionais em 150 mercados pelo mundo. “Por esse motivo, o sistema regulatório está entre os mais auditados do mundo”, justificou, apontando que ele passa periodicamente por inspeções. De acordo com o Itamaraty, uma série de medidas foi tomada desde a eclosão do caso. “O compromisso é de garantir a segurança e qualidade dos produtos”, disse.