O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reafirmou o temor com a queda nas exportações brasileiras do setor de proteína animal por causa dos efeitos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Ontem, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) informou que a exportação média diária de carne recuou 19% na quarta semana de março (20 a 26) ante a média das três primeiras semanas do mês. “Acho que teremos problemas, porque nossa imagem foi muito atacada”, disse. “Nossos concorrentes aproveitam momentos de fragilidade para ganhar mercado e minha sugestão é de que as empresas procurem seus parceiros comerciais”, emendou o ministro.
Maggi citou como exemplo um dos frigoríficos investigados que tinha produtos com data vencida e, apesar de admitir os problemas com a imagem do setor, espera uma recuperação nas exportações, já que houve efetiva interrupção de abate em só uma unidade. “Espero sinceramente que algum dia haja exportação maior do que o normal, porque tinha muito produto nos portos para embarcar”, explicou. Maggi afirmou ainda que o primeiro momento é o de restabelecimento das exportações e que a briga para reconquistar confiança externa e dos consumidores será em uma segunda fase.
A reação dos mercados consumidores internacional às revelações da Operação Carne Fraca vai afetar o trabalho de aumento da participação do Brasil no mercado internacional de alimentos, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em reunião do Conselho de Agronegócio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada também na tarde de ontem.
De acordo com a assessoria do Ministério, Maggi informou aos conselheiros da CNI que o objetivo era elevar a fatia brasileira no mercado de alimentos dos atuais 7% para 10%. No entanto, o trabalho foi prejudicado pela Operação.
“O fato de conseguirmos manter o mercado aberto não significa que teremos o mesmo volume de vendas”, comentou o ministro. Ele acrescentou que, sem um trabalho intenso, o risco é perder mercado.
O ministro esclareceu que a China e a União Europeia permanecem com muitas dúvidas sobre os controles sanitários brasileiros. Essas perguntas têm sido respondidas pelo ministério, informou Maggi. A China, que havia suspendido o desembaraço das cargas de carne brasileira, retomou as importações. A União Europeia mantém restrição à compra de produtos dos 21 frigoríficos investigados. Desde o início da crise, o governo federal suspendeu a emissão de licenças de exportação para esses estabelecimentos.
Na reunião da CNI, o ministro disse que governo e associações do setor de carne terão de viajar para os principais mercados, para reafirmar a qualidade dos produtos brasileiros.
INTERDIÇÕES – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou ontem também a interdição de mais duas unidades frigoríficas alvos da Operação Carne Fraca, o Souza Ramos, em Colombo, e Transmeat, em Balsa Nova, ambos no Paraná.
Os dois frigoríficos estão entre os 21 investigados na operação da Polícia Federal (PF), deflagrada dia 17 de março para apurar suspeitas de irregularidades na produção de carne processada e derivados, bem como na fiscalização do setor.
Outras três unidades já haviam sido interditadas pelo ministério no dia 17. As unidades da Peccin Agro Industrial em Curitiba (PR) e Jaraguá do Sul (SC), onde são produzidos embutidos (mortadela e salsicha), e da BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão, entre outras), em Mineiros (GO), onde é feito o abate de frangos.