JBS pagou mesada a fiscais durante anos, diz jornal

Reportagem do Valor Econômico afirma que cerca de 200 servidores foram corrompidos pela empresa

(Foto: Divulgação)

A JBS pagou durante vários anos milhares de reais em propinas para cerca de 200 fiscais agropecuários, afirma reportagem publicada nesta quinta-feira (13/7) pelo jornal Valor Econômico. Os valores chegariam a R$ 20 mil por servidor do Ministério da Agricultura envolvido no esquema para diminuir o rigor da aplicação de normas sanitárias.

De acordo com o jornal, as informações estão em um documento anexo às delações feitas por Wesley Batista, um dos donos da JBS. A relação dos fiscais envolvidos tem que ser enviada ao Ministério Público Federal (MPF), como parte do compromisso assumido pelo próprio empresário.

“Sempre constituiu prática corrente no mercado de frigoríficos o pagamento de quantias mensais de mil a R$ 20 mil para os fiscais federais agropecuários do SIF”, disse Batista às autoridades, conforme a publicação.

O jornal ressalta que a lei brasileira chegou a permitir que os frigoríficos pagassem compensações a fiscais, como hora extra, já que o funcionamento ia além do horário comercial. Mas a prática foi vetada no início dos anos 90, quando o ministro da Agricultura era Antônio Cabrera.

Para o Valor, as revelações do dono da JBS devem dar mais munição à Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), que investiga suspeitas de corrupção na indústria de proteína animal. Recentemente, a equipe que trabalhava nesta ação foi fundida com força-tarefa da Operação Lava-Jato, decisão pela qual a corporação recebeu críticas.

Ainda de acordo com o jornal, o conteúdo da delação deve atrapalhar o trabalho do governo nas negociações com outros países para retomar exportações de carne. Desde a Operação Carne Fraca, vários mercados anunciaram suspensões de compra ou reforço na inspeção de produtos brasileiros.

Uma das decisões mais recentes veio dos Estados Unidos, que suspendeu as importações de carne in natura brasileira. O Ministério da Agricultura do Brasil atribuiu a decisão à ocorrência de reações à vacina contra a febre aftosa.