Desenvolvimento da pecuária envolve equação completa de diversos aspectos

Resultados da atividade brasileira são produzidos para alimentar o mundo

ILPF está presente em 11,5 milhões de hectares brasileiros e é uns dos grandes trunfos da atividade (Foto: reprodução)

Atualmente, o Brasil é um dos líderes mundiais na produção, consumo e exportação de carne bovina. De cada cinco quilos de carne bovina consumidos no mundo, um quilo tem origem nos campos brasileiros. Essa cadeia produtiva movimenta anualmente mais de R$ 480 bilhões no Brasil.

Os números da atividade verde e amarela são impressionantes. O Brasil tem em torno de 170 milhões de hectares de pastagens naturais e plantadas que ocupam aproximadamente 20% do território. Nas últimas três décadas, houve importantes melhorias na genética dos rebanhos bovinos, nos sistemas de manejo e na gestão das propriedades. A taxa de lotação das pastagens foi ampliada e a produtividade se elevou. Um dos resultados foi atingir a marca de 210 milhões de cabeças em 2015.

A balança comercial também é favorável, já que só o faturamento nas exportações é de cerca de US$ 6 bilhões por ano. “O grande diferencial da nossa pecuária é ter a maior parte do rebanho criada a pasto. Esta característica minimiza os custos de produção e eleva a qualidade da carne”, salienta o pesquisador da Embrapa (Brasília/DF) e coordenador do Sistema Agropensa, Édson Bolfe.

Para ele, o contínuo desenvolvimento da pecuária envolve uma equação complexa abrangendo aspectos tecnológicos, econômicos, sociais e ambientais. Por um lado, Bolfe aponta, existe crescente demanda de carne bovina para atender ao aumento da população brasileira e mundial. Por outro, o consumidor é cada vez mais exigente quanto à segurança sanitária e à sustentabilidade associada.

“Felizmente, o Brasil, além de ter solo e clima favoráveis, também é muito fértil na produção de tecnologias inovadoras e conta com a competência dos seus pecuaristas. Essas condições têm levado o País a estabelecer sistemas de produção cada vez mais sustentáveis”, diz.

Um exemplo indicado pelo pesquisador é a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que em suas diferentes modalidades é uma realidade em 11,5 milhões de hectares. Destaque para Mato Grosso do Sul (2 milhões), Mato Grosso (1,5 milhão) e Rio Grande do Sul (1,4 milhão). Esses sistemas de uso da terra auxiliam na recuperação de áreas degradadas, geram serviços ecossistêmicos e garantem maior renda ao produtor.

Outra inovação em curso com o uso de sistemas integrados é a marca-conceito “Carne Carbono Neutro”, desenvolvida pela Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). Por meio dela é possível atestar a produção de bovinos de corte em sistemas com a introdução obrigatória do componente florestal.

“A presença de árvores na integração permite armazenar carbono e neutralizar o metano entérico exalado pelos animais, além de influenciar positivamente no bem-estar animal pela sobra natural que minimiza os efeitos de temperatura”, explica o profissional.

A qualidade de nossa pecuária desempenha papel fundamental na economia, gerando emprego e renda, diz Édson Bolfe. “Ela também garante alimentos saudáveis aos brasileiros e a um preço acessível. Os sistemas de integração se consolidam como uma alternativa rentável de intensificação do uso da terra e aumentam ainda mais a sustentabilidade da carne brasileira”, finaliza o especialista.

Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe feed&food.