A desvalorização do preço do boi gordo à vista e no mercado futuro fez com que os pecuaristas revissem a intenção sobre o volume de animais confinados este ano. O segundo levantamento de 2017, realizado em julho, aponta queda de 8% no número de animais que devem ser levados para terminação no cocho. Para a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), os dados demonstram que o pecuarista está mais cauteloso e fazendo as contas antes de tomar a decisão.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apurou a intenção de 179 unidades confinadoras, o que representa 80% do total registrado no estado. Segundo os dados repassados, o número de animais confinados deve cair de 701.850, conforme informado em abril, para 645.728. Em 2016, Mato Grosso confinou 615.895 animais.
A redução é fruto da queda no preço do boi gordo no mercado físico, 9% menor na comparação com janeiro e 11% menor que o preço registrado em julho do ano passado, quando a arroba estava R$ 130,95. Na última semana, a arroba do boi foi cotada a R$ 116,77 à vista sem desconto do Funrural.
O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, explica que apesar do custo da ração estar menor, as incertezas do mercado e a desvalorização no preço da arroba fizeram o pecuarista rever o confinamento. “O produtor está fazendo as contas. Isso mostra amadurecimento do setor em avaliar o custo e previsão de preço. Sem perspectiva de mercado, não tem como investir”, afirma Vacari.
Sobre a entrega de animais, os pecuaristas estão se preparando para disponibilizar o rebanho no último quadrimestre do ano, isso porque há estimativas de que o mercado esteja melhor no período. A BM&F Bovespa, por exemplo, fechou na última semana a arroba por R$ 139,46 para outubro. O valor é melhor do que o praticado a um mês, quando o preço era R$ 119,83, mas ainda está aquém do fechado em julho de 2016, quando arroba era cotada a R$ 173 para outubro daquele ano.
Segundo o Imea, 64% dos entrevistados apontam que a desvalorização da arroba foi o principal problema da atividade este ano. Por isso, mesmo com queda de 55% no preço do milho, 33% no valor do farelo de soja e de 25% no caroço de algodão, o pecuarista não manteve a intenção de confinar.
Características
O 2º levantamento sobre o confinamento apontou aumento no percentual de animais rastreados, que passou de 67% em 2016 para 73% este ano. Isso demonstra que o produtor está focado em mercados mais exigentes, como o europeu. Outro apontamento do relatório foi a maior diversidade de raças no rebanho confinado. Ano passado, 82% dos animais eram nelore e, este ano, este percentual é de 76%.