Em ritmo de expansão, Marfrig vai arrendar mais duas plantas em MT

O Valor apurou que a maior delas, com capacidade para abater 1,5 mil cabeças de gado por dia, está localizada no município de Monte Verde, enquanto a segunda, com capacidade para mil animais por dia, fica em Pontes e Lacerda
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A Marfrig está em fase final de negociações para arrendar mais dois frigoríficos em Mato Grosso. O Valor apurou que a maior delas, com capacidade para abater 1,5 mil cabeças de gado por dia, está localizada no município de Monte Verde, enquanto a segunda, com capacidade para mil animais por dia, fica em Pontes e Lacerda. A expectativa é que as tratativas sejam definidas até a semana que vem.

Fontes do segmento afirmaram que ambas pertenciam no passado à Frigoalta – que depois diversificou as operações e se tornou a Arantes Alimentos, que pediu recuperação judicial em 2009. As duas unidades estavam sendo arrendadas pela JBS. Procurada, a Marfrig não confirmou as informações. Apenas afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, “que está analisando a possibilidade de abertura de novas unidades frigoríficas em Mato Grosso”.

A empresa vem aproveitando o ciclo de oferta mais ampla na pecuária e oportunidades abertas pelas turbulências em torno da JBS para ampliar seus abates de bovinos no país. No início desta semana, por exemplo, reabriu uma unidade no município de Paranaíba, em Mato Grosso do Sul, que tem capacidade para abater cerca de 700 cabeças por dia.

No início de julho, a Marfrig já havia anunciado a reabertura de seus frigoríficos em Pirenópolis (GO) e Nova Xavantina (MT) e a ampliação dos abates em outras quatro unidades localizadas nos Estados de Goiás, Pará, Mato Grosso e Rondônia. No total, estima-se que a companhia tenham ampliado sua capacidade de abate em cerca de 50% nos últimos meses.

No total, a companhia tem 47 plantas de processamento, centros de distribuição e escritórios no Brasil e em 11 outros países. Tem capacidade anual de produção de quase 1 milhão de toneladas de alimentos industrializados e de processamento de 5 milhões de cabeças de gado, quase 500 milhões de frangos, 8,8 milhões de perus e 3 milhões de ovinos. Encerrou o segundo trimestre com receita líquida consolidada de R$ 4,3 bilhões.

Ricardo Hoefel Rezende, diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná (SRB), observa que não são apenas os concorrentes de grande porte da JBS que estão se mexendo – a Minerva também ampliou os abates nos últimos meses. Grupos menores que haviam deixado os abates durante a acelerada consolidação dos últimos estão reabrindo unidades, sobretudo em Mato Grosso, Estado que lidera a produção de carne bovina no país.

Mesmo o governo federal começa a incentivar a abertura de unidades. Na semana passada, o presidente Michel Temer e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, confirmaram a liberação de recursos para a construção de um frigorífico em Figueirão (MS). O projeto tem o apoio dos governos municipal e estadual.

Rezende e outros pecuaristas veem essa “desconcentração” em curso bom bons olhos, já que o mercado se tornou muito dependente dos movimentos dos grandes frigoríficos – da JBS sobretudo, mas também de Marfrig e Minerva – nos últimos anos. Na semana passada, por exemplo, as vendas voltaram a ficar paralisadas por causa das turbulências na gestão da JBS após a prisão preventiva do CEO Wesley Batista.

Como a empresa definiu no fim de semana como ficará sua gestão com a ausência de Wesley, a expectativa é que o mercado volte gradualmente ao normal nos próximos dias. Na sexta-feira, a paralisia continuava. A própria JBS chegou a fazer ofertas para comprar bois em algumas praças, mas enfrentou dificuldades para fechar negócios devido à desconfiança dos fornecedores.