Integração lavoura-pecuária deve crescer 15%

Segundo o diretor da Rede de Fomento ILPF, Willian Marchió, a previsão é baseada no maior ganho financeiro com esses projetos. Hoje, as áreas integradas somam 11,5 milhões hectares
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Atraídos pelos resultados financeiros obtidos com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), produtores brasileiros devem ampliar em até 15% a área destinada a esses projetos. Hoje, os empreendimentos no País somam 11,5 milhões de hectares.

“A tendência é de um crescimento de 10% a 15% ao ano”, estima o diretor da Rede de Fomento ILPF, Willian Marchió. Nos últimos dez anos a área cresceu de 2,6 milhões de hectares para os atuais 11,5 milhões hectares.

A associação é uma parceria público privada entre a Cocamar, Dow Agrosciences, John Deere, Parker, Syngenta e a Embrapa. A rede incentiva produtores a adotar estratégias de integração, que podem ser desenvolvidas em diferentes sistemas produtivos.

Nos últimos cinco anos a rede investiu R$ 15 milhões em capacitação e difusão dessas tecnologias. “Estamos pleiteando junto a fundos internacionais US$ 50 milhões para aporte nos próximos anos”, revela Marchió.

Para o pesquisador da Embrapa, Flávio Wruck, a expansão da área se deve principalmente ao resultado financeiro que o sistema propicia. “A média de produção pecuária nacional é seis arrobas por hectare a cada ano. Com a integração com a lavoura conseguimos, no mínimo, chegar a 20 arrobas por hectare ao ano”, compara o especialista

Já na lavoura, ele afirma que é possível alcançar um incremento de 10% na produtividade da soja em áreas integradas com a pecuária. Além disso, o produtor consegue reduzir os custos com insumos ao plantar a soja sobre a palhada do capim. “E quando o produtor vê esse resultado em uma propriedade de referência quer adotar o sistema também”, avalia o pesquisador.

Na avaliação de Marchió, o motor desse crescimento é a necessidade de um melhor aproveitamento da terra. “Existem muitos produtores sujeitos a climas e solos mais desafiadores e que querem produzir nas suas áreas e buscam a tecnologia de integração que permita isso”, afirma Marchió. “Se esse produtor utilizar a agricultura tradicional, vai correr um risco muito alto ou não vai conseguir produzir.”

Marchió ainda cita as pressões ambientais como estimulo para que mais produtores adotem esse tipo de estratégia, aliado a um movimento de sucessores assumindo as propriedades. “Há uma busca por propósito que vá além da rentabilidade e da exploração da terra”, afirma.

Entre os produtores que adotam essas estratégias de produção, 83% utilizam a integração lavoura-pecuária (ILP), com destaque para soja ou milho em consórcio com forrageiras para a criação de gado de corte. Marchió explica que essa é uma alternativa de gerar renda para a recuperação de áreas degradadas.

Em Mato Grosso, estado com 2 milhões de hectares de ILPF, Wruck destaca a crescente procura pelo sistema para a produção do chamado “boi safrinha”. Nesse sistema, o produtor planta forrageiras para compensar a falta de alimento para o gado no período de seca e obter alimento após um período de 45 a 60 dias. “Tem gente produzindo 10 arrobas o que mesmo comprando com o milho – principal cultivo da safrinha – é bastante interessante, avalia o pesquisador.

Já o produtor de gado de leite normalmente se utiliza do componente florestal para integração, pois essas vacas vão se beneficiar da sombra proporcionada pelas árvores.

Crédito

Conforme Wruck, embora esteja em expansão, a ILPF enfrenta desafios. Um deles é o acesso ao crédito. “Não é que falte dinheiro, mas não são todos os produtores que têm capacidade de oferecer garantias para a tomada desse crédito”, salienta o pesquisador.

Marchió acrescenta que muitos produtores relatam dificuldade de acesso ao Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), devido ao aumento dos juros cobrados. “Mas isso não significa que o produtor não está buscando recursos para investir”, salienta o diretor da Rede. Segundo ele, bancos privados e cooperativas estão oferecendo alternativas mais em sintonia com a demanda.