Abate de gado fora do Estado diminui

Conforme dados apurados pelo Imea, setor retoma movimentação interna e aponta importantes mudanças estruturais à indústria local
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

O primeiro trimestre de 2018 fechou com um importante indicador da bovinocultura estadual positivo: a redução dos envios de animais para abate fora de Mato Grosso. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), essa movimentação de janeiro a março atingiu apenas 2% de participação entre o total abatido no período. Esse percentual é o menor da série histórica local. A reabertura de plantas frigoríficas em Mato Grosso tem sido o diferencial para esse novo momento.

Como explicam os analistas do Imea, a atividade mato-grossense começa a registrar mudanças estruturais, já que há maior distribuição do abate entre o parque industrial local. “O destaque principal desse primeiro acumulado de 2018 é a redução dos envios de animais para abates fora do Estado, nesse primeiro trimestre atingimos a menor participação da série histórica, 2%, sendo que a média histórica para esse período, desde 2005, era de 4%”. Essa mudança, como apontam, está atrelada à reabertura de plantas frigoríficas no Estado, “movimento que aparenta ter fomentado a comercialização interna”.

O diretor-executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, conta que no ano passado teve início um processo de reabertura de plantas que estavam fechadas, elevando o total de indústrias em atividade naquele momento de 25 unidades (em 2016) para 29 em 2017, ou seja, depois de um movimento de paralisação e fechamento das plantas até 2016, em 2017 quatro voltaram à atividade. Como destaca ainda, com essa retomada a capacidade de abate também aumentou, passando de 23.717 animais por dia para 27.707 ano passado.

“Obedecendo à lógica do mercado, quanto mais competitividade melhor. Por muitos anos o pecuarista mato-grossense ficou refém da indústria, sem ter alternativas na hora de negociar sua produção. Com mais frigoríficos em operação, o produtor tem mais opções de venda e o consumidor de compra”, frisa Vacari. Além disso, essa reabertura vem facilitando a logística de abate dos produtores, já que para algumas regiões a retomada do funcionamento pode reduzir frete e distância para transitar os animais.

Mesmo enxergando essa mudança, Vacari lembra que algumas unidades, como Frigol de Jururena e o Marfrig em Pontes e Lacerda, iniciaram um processo de reabertura, mas ainda não o concluíram.

Até esse momento, considerando as 29 plantas em operação, o Imea tem o seguinte recorte dos abates: centro sul concentrando 29% do total de animais abatidos neste primeiro trimestre, seguido pelo norte, com 18%, oeste e sudeste com 15% casa um, nordeste com 12%, noroeste com 8% e médio norte com 3%. “Ainda que a produção de bovinos esteja espalhada por todo o Mato Grosso, não são todas as cidades que oferecem abatedouros e por essa questão logística, há uma tendência de maior concentração de abates em alguns pontos do Estado, como no centro sul, evidenciando a importância dos frigoríficos da região centro sul no abate de Mato Grosso, visto que estes foram responsáveis por 29,1% do abate total do Estado, mesmo a região tendo o 2º menor rebanho regional”, apontam os analistas do Imea.

Tanto a Acrimat, quanto o Imea, concordam que mesmo com essa tendência de reabertura se concretizando no Estado, para o uso completo de sua planta industrial é necessária a manutenção de um ambiente de negócios competitivo, o que incluiu especialmente, políticas públicas ao setor produtivo. Prova de que a capacidade industrial vem sendo preenchida gradativamente é que considerando as plantas frigoríficas com SIF e Sise – inspeções federal e estadual, respectivamente – a média de utilização nesse primeiro trimestre chegou a 51% contra 49% em igual acumulado do ano passado.

Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos no Brasil e nesse primeiro trimestre do ano abateu 1,24 milhão de cabeças, sendo 451,4 mil em janeiro, 377,6 mil em fevereiro e 413,3 mil em março.