Produtores em Mato Grosso apostam na criação de Nelore com marmoreio

A cada dia o Brasil e o mercado externo contam com um consumidor mais exigente.
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Quando o assunto é carne bovina a exigência é ainda maior entre aqueles com o paladar apurado. Em Mato Grosso os produtores rurais estão apostando cada vez mais na genética e hoje conseguem obter no gado Nelore marmoreio semelhante ao visto em raças como a do Wagyu.

Mato Grosso possui hoje um rebanho, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea), aproximadamente 30,3 milhões de cabeças de gado. Cerca de 90% do rebanho é formado por animais da raça Nelore.

Apesar da raça Nelore ser maior verificada no país, somente a aproximadamente cinco anos é que os pecuaristas começaram a investir em tecnologia visando agregar mais qualidade e maciez à carne.

Em Mato Grosso, o Grupo Celeiro é referência em aplicação de tecnologia e genética em seu rebanho. O grupo possui um rebanho de duas mil cabeças de gado, sendo que 700 vacas já são Puro Origem (PO). O objetivo, pontua o Grupo Celeiro, é chegar a mil cabeças de vacas PO.

Idealizado pelo produtor Marco Túlio Duarte Soares, o Grupo Celeiro é referência, inclusive, no Brasil por lançar uma linha de carne nelore com marmoreio e também integrar o Projeto Ação Verde, que adequa o empreendimento a uma série de ações sociais e ambientais.

Marco Túlio comenta que quando os trabalhos de utilização de ultrassom nos animais no Grupo Celeiro começaram para avaliação de carcaça no ano de 2015 descobriu-se que entre 3% e 5% apresentaram bons números de marmoreio (gordura entremeada no músculo da carne).

“Esses números são equivalentes à carne Angus (entre 3 e 3.5) e Wagyu (4 a 6.0 no Brasil/ 6 a 10 no Japão). Então, de posse dos resultados, começamos a fazer uma melhor seleção para cruzamento e conseguimos chegar, hoje, a aproximadamente 35% do nosso rebanho nelore com marmoreio”, diz Marco Túlio.

Com duas propriedades (Rondonópolis e Pedra Preta), o Grupo Celeiro envia para o abate (terceirizado) em média 100 animais por dia. A produção é voltada para a desossa e distribuição de carne em lojas próprias, supermercados e restaurantes em Mato Grosso. Além disso, a produção é enviada através de parceria com a Latam para estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, entre outros.

Quem também aposta na aplicação de genética e tecnologia para a produção de uma carne “gourmet” com marmoreio é o produtor de Jaciara Shiro Nishimura. Com mais de 30 anos de dedicação a gado Nelore na Fazenda Araponga, Nishimura conta ter alcançado bons resultados em 30% de suas vacas com o quesito marmoreio.

“Além das vantagens no rendimento de carcaça, adaptabilidade e precocidade, temos agregado novos conceitos à carne nelore. Esse é um trabalho pioneiro, mas que precisava ser iniciado, pois outras raças realizam há 100 anos”, diz o pecuarista de Jaciara, que possui avaliações do Geneplus e do PMGZ.

Na avaliação do presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), Mario Candia, o projeto visto no estado com o marmoreio da carne da raça Nelore é positivo. “Neste ano estamos intensificando parcerias para motivar o pecuarista a investir cada vez mais em melhorias tecnológicas que aliem sustentabilidade e rentabilidade”.