Produtores do Paraguai pedem divisão igual de cota para exportar carne à UE

Objetivo dos pecuaristas do país é evitar que Brasil e Argentina levem vantagem com o acordo comercial entre europeus e Mercosul.
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Produtores paraguaios exigem que a cota de 99 mil toneladas de carne que o Mercosul poderá exportar à União Europeia (UE) com tarifas preferenciais após a aprovação do acordo entre os blocos seja dividida de forma igual, para evitar que Brasil e Argentina sejam beneficiados.

O presidente da Associação Rural do Paraguai (ARP), Luis Villasanti, fez a exigência em entrevista concedida à Agência Efe nesta quarta-feira (17), enquanto os presidentes dos quatro países do Mercosul discutem a implementação do acordo em Santa Fé, na Argentina.

“É preciso que a negociação interna do Mercosul seja igualitária, para evitar que Brasil e Argentina saiam beneficiados, em detrimento do Uruguai e do Paraguai”, afirmou Villasanti.

Após o êxito na negociação com a UE, o Mercosul agora deve decidir como repartirá as cotas de exportação para o bloco europeu de produtos como a carne, o arroz e o açúcar. O pacto comercial ainda não está em vigor e precisa da aprovação de todos os países envolvidos (veja os próximos passos).

O trecho citado pelo presidente da ARP é uma das questões do acordo que mais afetam o Paraguai, já que a indústria de carne bovina representa 12,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e emprega cerca de 400 mil pessoas.

Além disso, Villasanti garantiu que os produtores paraguaios já atendem aos critérios fitossanitários exigidos pela UE no acordo comercial.

Nos primeiros seis meses do ano, o país exportou US$ 478,2 milhões em carne bovina, uma queda de 20,6% em relação ao mesmo período de 2018, de acordo com o último relatório sobre o comércio exterior divulgado pelo Banco Central do Paraguai.

Segundo Villasanti, o recuo ocorreu porque o preço médio da carne está 10,1% menor do que o registrado no ano passado, uma redução puxada por Rússia, Taiwan e Brasil.

O acordo comercial é visto como essencial para o setor, já que pode levar a carne paraguaia a outros mercados, como os de Estados Unidos, Canadá, Japão e Turquia.

Para isso, porém, o presidente da ARP destaca a necessidade da criação do Instituto Paraguaio da Carne, instituição que permitirá que os produtores obtenham os certificados internacionais do produto. A iniciativa ainda será avaliada no Congresso.

“A chegada a novos mercados nos ajudaria a atravessar esse mau momento”, projetou Villasanti.