A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) realizou na terça (22) uma live para discutir um dos assuntos que mais causado interesse no produtor rural: a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que teve como convidado o Dr.Bruno Pedreira, agrônomo formado pela Universidade Federal de Lavras, com mestrado, Doutorado e pós-Doutorado em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP, e que atua desde 2010 como pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, onde desenvolve um programa de pesquisa e extensão com foco no desenvolvimento de tecnologias.
O gerente de Relações Institucionais da associação, Nilton Mesquita, atuou como mediador da live que contou com a participação de mais dois diretores da entidade. Um deles, Jesus José Cassol, engenheiro agrônomo e produtor rural, iniciou contado que mora e trabalha no município de Campo Novo dos Parecis, na Chapada dos Parecis, “região tipicamente agrícola, que de uns tempos pra cá está intensificando a pecuária, principalmente a Integração Lavoura-Pecuária, e um pouco com floresta”.
Cassol contou que na sua fazenda “trabalhamos com cana-de-açúcar, soja, algodão, milho, pipoca, girassol, feijão e a pecuária. Então é bastante diversificado, são vários tipos de feijão, inclusive. Então a integração lavoura pecuária veio integrar para a gente muito bem, e eu diria que aqui no cerrado eu não gostaria de fazer pecuária sem integração com lavoura, porque senão fica difícil, sem contar que a produtividade da lavoura aumenta muito quando você coloca a pecuária no meio”.
Outro diretor da Acrimat convidado para participar do webinar, Thiago Fabris falou sobre sua experiência pessoal como produtor na região do município de Paranatinga, onde tem uma propriedade próxima a Santiago do Norte. “Atuamos com integração lavoura pecuária devido as circunstâncias da região e a fatores que levam a decidir por uma maior rentabilidade da área e por um aproveitamento melhor do solo, buscando sempre a melhoria tanto da pecuária quanto da lavoura, hoje nós temos dentro da propriedade as atividades lavoura, pecuária, armazém, prestação de serviço, manejo florestal e temos também serraria”.
Fabris contou que a propriedade, adquirida em 2001, foi feita com foco para atuar com lavoura. “Não pensávamos em pecuária. Mas os antigos donos não conseguiram retirar o gado do campo, decidimos iniciar a pecuária também. Hoje vejo que essa foi a melhor coisa, pois nos levou a conhecer o lado da pecuária. Naquela época ela não tinha relevância financeira como a agricultura, era uma forma de passar tempo. Em 2004 tivemos uma venda mal sucedida de arroz, e foi quando a pecuária cobriu o furo, foi quando vislumbramos a pecuária como algo viável. Hoje trabalhamos com soja, milho, entre outros e pecuária, e realizamos a integração lavoura pecuária”.
Após as apresentações, Bruno Pedreira iniciou a exibição do seu material. “O que me vem a cabeça é o sistema voltado para a intensificação da pecuária, para poder dar um passo adiante, o que não significa que esse é o único passo, e pra gente começar é sempre bom olhar pro passado, para ver de onde a gente veio e pra onde a gente vai”.
Bruno apresentou dados comparativos que partiram da década de 70, para mostrar a evolução da atividade pecuária no Brasil. Foram apresentados temas como o desafio da pecuária em pastagens e o equilíbrio entre produção de forragem e o consumo; taxa de acúmulo de forragem; otimização do uso da terra; o SIPA, também conhecido mais popularmente como ILP – Integração lavoura-pecuária, onde o produtor adota uma estratégia que visa a produção sustentável, integrando atividades agrícolas, pecuárias e florestais, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotativo.
“Esta integração busca efeitos sinérgicos entre os componentes, como adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica”, complementou o agrônomo. Em seguida, Pedreira mostrou a evolução da adoção dos sistemas ILPF, IPF e ILF a partir de 2005 até 2020, sendo o de Integração Lavoura- Pecuária (ILP) o mais adotado (83%). Deu destaque ainda à prática como estratégia de recuperação de pastagens.
ILP
A integração lavoura-pecuária tem como grande objetivo intensificar o uso da terra, fundamentada na integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade dos produtos, bem como a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Portanto apresenta-se como uma estratégia para maximizar o uso dos recursos naturais, aliando o aumento da produtividade com a conservação ambiental no processo de intensificação de uso das áreas já desmatadas no Brasil.
Entre as diferentes modalidades de sistemas integrados, a integração lavoura-pecuária (ILP) vem se expandindo com maior velocidade, em razão, principalmente, dos benefícios auferidos pelos produtores de grãos quando adotam a rotação da lavoura com o pasto. Este sistema de produção integrado consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia e outros, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou em rotação.
Dentro da fazenda, o uso da terra é alternado, no tempo e no espaço, entre lavoura e pecuária. E é no potencial sinergismo entre os componentes pastagem e lavoura que residem grande parte dos benefícios da ILP.
Boi safrinha
Pedreira falou também sobre o conceito do ‘boi safrinha’, em analogia à segunda safra de milho, tendo ainda como variantes os termos “safrinha de boi” ou “pasto safrinha”. O “boi safrinha” refere-se à alimentação de bovinos na entressafra, aproveitando o resto da forragem acumulada em consórcio com milho ou soja e plantas forrageiras como a brachiaria ruzizienses, após a safra dos grãos.
Após a colheita dos grãos a terra fica ociosa, em pousio, esperando a próxima chuva para um novo plantio de safra.
Pasto pós-lavoura
Um comparativo entre o pasto tradicional e o pós lavoura foi apresentado, mostrando os ganhos daqueles que adotam o ILP. Quer saber mais sobre a live e o que foi discutido por nossos diretores e os participantes após a apresentação? Acesse nossas redes https://www.youtube.com/watch?v=RHJzeWXy2Iw