A diretoria da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) recebeu a diretoria da Heineken Brasil para uma reunião virtual. Mauro Homem, diretor de Relações Corporativas e Marina Ferreira, diretora de Assuntos Governamentais e Institucionais, representaram a multinacional.
O pedido partiu da cervejaria de origem holandesa, uma das maiores do mundo.
Em nota, a entidade disse que o encontro serviu para que a empresa prestasse esclarecimentos sobre a postagem em suas redes sociais, no dia 20/3, em apoio ao “Dia Mundial Sem Carne”, instituído pela ONG norte-americana Farm (Fazenda), em 1985, e que levou a uma onda de indignação por parte dos produtores.
A Acrimat informa que a Heineken entrou em contato para dentre outras coisas pedir desculpas, além de afirmar que “farão o que for preciso para tentar mudar o cenário”.
Por conta da manifestação do setor pecuário e dos amantes da carne bovina, a cervejaria que mantinha uma faixa média de 200 a 300 comentários em seus posts no Instagram, viu esse número saltar para 28,4 mil interações – a maioria negativa. No Brasil, um dos principais mercados para a multinacional holandesa, a empresa tem em seu portfólio as marcas Heineken, Amstel, Baden Baden, Bavaria, Devassa, Eisenbahn, Glacia, Kaiser,Kirin Ichiban, No Grau, Schin, Sol e Xingu.
Em prol da carne bovina
O encontro com a Acrimat é primeira de uma série de ações que a Heineken deverá promover para tentar se retratar com o pecuarista. Apesar de o post continuar na página da empresa, a aproximação é vista como positiva e pode trazer frutos ao setor, segundo o engenheiro agrônomo Celso Lacôrte, sócio fundador da Plano Consultoria Agropecuária.
“Temos que criar clima de paz e não de guerra, senão vamos sempre ser atacados. O ideal é mudar o jeito de nos comunicar e trazer quem está de fora para o nosso lado”, diz a pecuarista Érica Bannwart, presidente do Grupo Pecuária Brasil Rosa (GPB Rosa) e uma das herdeiras da fazenda do Engenho, no município paulista de Pirajuí.
Pecuária e a cevada
Para o setor, mostrar a sustentabilidade da produção de carne seria um bom começo para reverter a imagem da Heineken no meio. Mesmo porque a pecuária é parceira para tornar a produção de cerveja também sustentável. O resíduo úmido de cervejaria, o chamado bagaço de cerveja, pode fazer parte da dieta bovina, enquanto para a empresa o subproduto representa uma grande dor de cabeça no processo de fabricação da bebida por falta de destinação.
O pecuarista Antonio Roberto Alves Corrêa, com fazenda em Buri (SP), presidente da Associação Brasileira do Santa Gertrudis, compra 15 toneladas diárias de bagaço, subproduto com cerca de 25% de PB (proteína bruta) na matéria seca. Corrêa tem um confinamento com capacidade estática de 2 mil bovinos e abate 6 mil, por ano. O bagaço da cervejaria entra na formulação da dieta. Além disso, a ração de outros 1.000 animais de recria também leva o bagaço.
Informações do Portal DBO