Os novos debates sobre mudanças climáticas promovidos pelos EUA, reacenderam as questões sobre a emissão dos gases de efeito estufa (GEE). Para o Brasil, restaram dois problemas. O primeiro e o principal é o desmatamento da Amazônia, criticado por boa parte dos países do planeta, que terá que ser resolvido em função das pressões atuais. Um confronto não seria bom para o Brasil e muito menos para o agro.
O segundo, mais por motivos ideológicos, são as críticas às emissões da pecuária de corte. Os alimentos em geral, mas principalmente a carne bovina, têm informações distorcidas que atrapalham o julgamento dos consumidores. Produção eficiente, ganhos ambientais, bem-estar animal e saúde humana, deveriam ser melhor divulgados.
Nas últimas décadas houve um grande aumento na produtividade da pecuária de corte. Bois que eram abatidos com 4 a 5 anos em média, com 15 e 16 arrobas de peso, agora seguem ao frigorífico com 2,5 e 3,5 anos com peso entre 18 e 20@. As pastagens ficaram mais produtivas e passaram a abrigar mais animais por hectare.
Isto significou dobrar a produtividade e aumentar a renda com impactos positivos nas questões ambientais. Passamos a usar a metade da área para produzir a mesma quantidade de carne, cedendo terras para a agricultura e contribuindo assim para a redução do desmatamento. Com a diminuição do período de vida dos animais, também houve uma redução proporcional no consumo de água e na emissão de metano.
O metano, gás 23 vezes mais potente que o CO2 como GEE é produzido num dos estômagos dos ruminantes, que é uma câmara de fermentação que propicia a digestão dos carboidratos ingeridos via capim, que por sua vez foram elaborados a partir da absorção do CO2 da atmosfera pela fotossíntese.
Hoje existem produtos químicos que adicionados ao sal mineral, inibem parcialmente a produção de metano e já temos estudos avançados em produtos que irão eliminar por completo a emissão de metano pelos ruminantes. Aquela energia que seria eructada, passará agora a ser digerida, contribuindo para o ganho de peso dos animais.
Não existe geração espontânea de carbono. Um animal só pode emitir no máximo aquele carbono que consumiu. Há poucos anos, se pensava que o metano se acumularia indefinidamente na atmosfera.
A métrica para calcular emissões da pecuária como prejudicial ao aquecimento global se baseava nessa afirmativa. Depois, verificou-se que o gás metano não é estável na atmosfera e em poucos anos se decompõe novamente à sua molécula original o CO2, o que faz equilibrar novamente a relação emissão/sequestro deste gás.
Somente esta constatação nos dá elementos para praticamente zerar as emissões e reverter a ideia corrente que a pecuária bovina seria uma grande vilã na emissão de GEE.
Quanto ao bem-estar animal, o pecuarista tem total noção de que qualquer condição que perturbe o conforto animal resulta em redução da produtividade. Fatores como alimentação, água de qualidade e sombra adequada, são muito considerados pelos pecuaristas.
Da mesma forma podemos analisar a saúde animal e a consequente saúde humana. Gado doente não produz. Temos vacinas e remédios para todas as doenças e um Serviço de Inspeção Federal que fiscaliza todos os abates, eliminando qualquer possibilidade de contaminação humana.
Carne! Força e saúde sem consequências ambientais.
Arno Schneider, engenheiro agrônomo, pecuarista e membro da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT) e da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat)