Problemas logísticos e de infraestrutura rodoviária em Mato Grosso ainda são entraves para o escoamento da carne bovina pelo chamado Arco Norte. Essa situação tem se refletido no baixo volume da carne embarcada no porto de Barcarena (PA), que representa apenas 0,72% do exportado neste ano.
De acordo com dados do boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) desta semana, o porto de Barcarena foi responsável por transportar apenas 2,29 mil toneladas em equivalente carcaça (TEC) de janeiro a julho de 2022.
Já o porto de Santos (SP) embarcou um total de 228,53 mil TEC no mesmo período, concentrando 99,28% das exportações de carne bovina de Mato Grosso. Essa enorme diferença ocorre em razão da falta de pavimentação de importantes rodovias troncais de Mato Grosso, principalmente na região Norte, como as BRs 174 e 158, além de rodovias estaduais.
“As estradas não são as melhores. Tem região que só anda em estrada de terra. Na época de chuva, é pior ainda”, afirmou o diretor-presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior.
O presidente ressaltou ainda que a malha rodoviária do estado carece de asfaltamento e, mesmo as rodovias pavimentadas, ainda possuem conservação precária enquanto a malha ferroviária é muito incipiente. “Essa logística inadequada faz com que o nosso produto perca em competitividade”, afirmou.
Mato Grosso é o estado que detêm o maior rebanho bovino do Brasil, porém está localizado no Centro Geodésico da América Latina, de modo que fica distante do mar para qualquer direção que se tome. Por isso, o investimento na infraestrutura logística em todo o Estado é fundamental.
Os portos do Arco Norte, por exemplo, seriam soluções logísticas mais econômicas para o escoamento de carne bovina para 48 municípios da região Norte. Cidades como Vila Rica, Santa Terezinha e Confresa poderiam ter redução de custos com o transporte rodoviário.
Além de Barcarena (PA), outro porto do Arco Norte que já se preparou para receber cargas em contêineres refrigerados, que são fundamentais para exportação de congelados, é o de Itaqui (MA). Além de possuir bastante estrutura, fica cinco mil milhas náuticas mais perto da Europa do que o Porto de Paranaguá (PR), por exemplo.
O Itaqui, porém, ainda engatinha como porto de eleição para os produtos do agro justamente pela falta de condições das estradas e ferrovias para chegarem até ele.