PRODUTORES RURAIS: GUARDIÕES DO AMBIENTE E VÍTIMAS DO FOGO

Nesta semana foi publicada a Resolução Comif n. 03/2025 que estabelece parâmetros mínimos aplicáveis em todo território federal para implementação de medidas preventivas aos incêndios florestais em imóveis rurais.

Mencionada normativa estava sendo aguardada ansiosamente por todos os produtores mato grossenses, sobretudo na instituição de parâmetros a serem utilizados no momento da prevenção, preparação e combate aos incêndios florestais.

A recente normativa impõe uma série de obrigações que, embora bem-intencionadas no papel, desconsideram a realidade e as peculiaridades do território nacional. O Brasil possui dimensões continentais e abrange biomas distintos, cada um com características próprias e desafios específicos no enfrentamento aos incêndios florestais.

Ignorar essas diferenças e aplicar regras uniformes em todo o país significa impor medidas que, muitas vezes, são inexequíveis, ineficazes e, em alguns casos, até contraproducentes. O resultado é um conjunto de obrigações distantes da realidade prática dos produtores, que já enfrentam condições adversas, falta de recursos e ausência de apoio técnico adequado.

Infelizmente, para os órgãos ambientais e órgãos de controle as iniciativas voltam-se para a responsabilização, geralmente com multas vultuosas e sem sequer saber da origem desse foco de calor que se transformou num grande incêndio florestal.

Hoje não temos o que comemorar, pois um jovem produtor rural, de apenas 35 anos foi morto no combate de incêndio florestal exaustivo em sua propriedade.

No mesmo dia, em General Carneiro (MT), um jovem tratorista de apenas 24 anos perdeu a vida ao tentar conter as chamas que avançavam sobre a propriedade.

Esse é o cenário que temos. São vidas que estão em jogo. Não é só o meio ambiente que sofre com a situação que assola todo ano a vida e rotina das propriedades rurais no Brasil, especialmente no estado de Mato Grosso com três biomas riquíssimos e distintos, com tratativas e procedimentos destinos de combate aos incêndios florestais.

Poder Público antes de responsabilizar vamos orientar, capacitar e dar condições mínimas para que não ocorrem vítimas no combate preventivo no momento dos incêndios.

Quantas vidas ainda precisarão ser ceifadas para que o Poder Público entenda que os produtores não podem enfrentar sozinhos uma tragédia dessa dimensão?
Não se combate incêndios apenas com multas e punições. Combate-se com prevenção, capacitação, apoio e respeito à vida.

Cada foco de calor ignorado, cada medida de orientação adiada, pode significar não só a perda de hectares de floresta e lavoura, mas a perda irreparável de pais, filhos e trabalhadores que lutam diariamente para sustentar o país.

O fogo não escolhe vítimas. Mas as omissões, sim.

A Acrimat se solidariza profundamente com a família do agrônomo Getúlio Diou Piovesan, de Juara/MT, que perdeu a vida no combate a um incêndio próximo à sua propriedade. Sua morte não pode ser tratada como mais uma estatística: é um alerta doloroso de que estamos falhando em proteger aqueles que, todos os dias, cuidam da terra, produzem alimentos e preservam o meio ambiente.

OSWALDO PEREIRA RIBEIRO JÚNIOR

DIRETOR-PRESIDENTE ACRIMAT