A vez dos sistemas integrados

Além de tornar a produção sustentável, produtores têm na integração nova fonte de receita
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Mato Grosso é o 2º estado brasileiro com maior área produtiva em sistemas integrados, com 1,5 milhão de hectares. Desde 2010, a área dobrou de tamanho, diz o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no campus de Rondonópolis, Edicarlos Damacena de Souza. Há 7 anos, cerca de 700 mil (ha) alternavam ou combinavam a produção agrícola e pecuária numa mesma área. Atualmente o estado com a maior área de produção integrada é Mato Grosso do Sul, com 2 milhões (ha). No Brasil, os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ocupam 11,5 milhões (ha), afirma Souza. Em 2010 eram 5,5 milhões (ha).

“Achávamos que os agricultores adotavam mais o sistema de ILPF por terem sido os primeiros a implantar, mas o último censo pela rede Fomento de ILPF mostra que não”, comenta o engenheiro agrônomo. Segundo ele, em relação ao ano passado os produtores aumentaram em 1% as áreas com ILPF, enquanto os pecuaristas expandiram em 10%. “Antes havia certa dificuldade do pecuarista em implantar o sistema, mas hoje está mudado e existe essa demanda por mais informação sobre o assunto”. O professor acrescenta que o projeto Rede Fomento de ILPF atende todo o país com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e algumas empresas do ramo agrícola.

Em Mato Grosso, os sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta avançam “a passos largos”, avalia o presidente da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), o agropecuarista Pierre Marie Jean Patriat. A motivação para isso está na necessidade dos produtores complementarem a renda na propriedade. Patriat diz que existem diferentes sistemas de ILPF. Ele destaca 2. Um deles, batizado por Patriat de “sistema boi safrinha”, consiste em plantar o milho de 2ª safra – também chamado de safrinha em Mato Grosso, por suceder o plantio da soja – junto com o capim. “O pasto é incorporado ao milho safrinha”, reforça. “O produtor planta soja na época normal e após a colheita planta o milho safrinha junto com a planta forrageira, em geral, braquiaria”.

De acordo com ele, dentro desse sistema a forrageira fica estagnada. “Quando chega os meses de junho, julho, a palha do milho seca e a braquiara vai crescer, podendo ser pastejada em agosto e setembro”. Outra vantagem deste mecanismo, defende ele, é que a palha do milho fará a cobertura do solo e assim promover a reciclagem de nutrientes, com maior retenção de umidade e proteção no plantio direto.

A 2ª opção para ILPF destacada por ele é alternar a agricultura com a pecuária. “De repente, quando o preço da soja não está tão atrativo, o produtor pode investir em pastagem nas áreas de solo mais pobre. Se o preço está bom e ele consegue produzir 50 sacas de soja por hectare, pode ter uma boa renda. Mas, se o preço cai, não paga o custo de produção. A saída neste caso é investir em pastagem. Quando o preço dos grãos se recuperarem, volta a plantar”.

Patriat afirma que compensa alternar as áreas de agricultura com pastagens por 2 a 3 anos. “Quando o pasto é plantado após uma lavoura de soja, o gado terá mais alimento porque a massa de pastagem é maior”. Ao falar sobre o custo para implantação de sistemas integrados, o presidente da Unipasto afirma que cabe ao produtor ou pecuarista avaliar qual é o resultado que deseja alcançar. “Em qualquer situação ele terá que investir e terá um custo a mais por isso”.

EVENTO – Na sexta-feira (7), o presidente da Unipasto falou aos pecuaristas, produtores, acadêmicos e técnicos sobre a qualidade das sementes forrageiras durante evento em Rondonópolis. Foi durante o 1º Encontro do Sul de Mato Grosso de Integração Lavoura-Pecuária. “Vamos realizar uma vez por ano para discutir perspectivas deste sistema, onde estamos e para onde iremos”, pontua o professor Edicarlos Damacena de Souza, organizador do evento.