A baixa adesão dos produtores à emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA) online – liberada no Estado apenas para o abate – aliada à greve dos servidores, que já perdura há 14 dias, pode provocar uma crise, em efeito cascata, culminando na falta de carnes nos mercados.
O alerta foi feito pelo superintendente da Acrimat Francisco Manzi, o Chico Manzi, em visita à sede do Rdtv.
Manzi explica que vários Estados evoluíram para o GTA eletrônico em todos os setores, sendo que em Mato Grosso existe apenas o com a finalidade exclusiva de abate. O problema é que muitos produtores ainda não se cadastraram e amargam prejuízos por causa da greve.
Para se ter uma ideia, em maio, foram emitidos 414.057 guias e, neste mês, até agora, 139.281, numa queda de 21,5%. Se levarmos em consideração, a média diária, também há queda. São 19.717 guias em maio contra 15.475, -4,2% dia. A situação só não é pior por causa do GTA online.
O setor mais prejudicado é o do suíno industrial porque as etapas são “sincronizadas”. “Se tenho mil cabeças, ai tenho que mandar 200 para o abate, porque tem 200 nascendo e preciso abrigar esses 200. Isso é muito dinâmico no suíno. No bovino nem tanto”, explica Manzi.
Hoje o rebanho de suínos de Mato Grosso é de 1,6 milhão. De bovinos são 29,3 milhões de cabeças, espalhadas em 24 milhões de hectares de pastagem.
Ele ressalta que a situação é pior em relação às aves, por isso, um dia de atraso já provoca prejuízo e tem impacto na questão sanitária, já que não podem ficar muito tempo nas granjas esperando o transporte para o abate. “Daqui a pouco o frigorífico vai começar a demitir e ai? O direito de greve dele como é que fica? E o direito do trabalhador do frigorífico? ”, assevera o superintendente.
Nessa linha, ressalta que vão haver demissões, perdas econômicas dos produtores e da indústria, além de culminar na falta de produto no mercado.
Pondera, entretanto, que não está discutindo o direito dos servidores buscarem melhorias e/ou fazerem greve – instrumento constitucional. “Ele é um prestador de serviço e não pode impactar na questão sanitária, na ordem econômica. Pessoas vão ser demitidas por causa do direito deles. Isso tem que ser repensado. Essa é a posição da Acrimat”.
Diante do cenário, Manzi cobra uma intervenção do Governo, seja contratando pessoas ou buscando a ajuda da Justiça para garantir que pelo menos um percentual dos servidores retornem às atividades, evitando o caos. “O seu direito termina onde começa o do outro”.
O Executivo tem tentado sensibilizar os servidores do Indea, mas, por enquanto, não houve êxito.
Feiras
Outro setor afetado é o das feiras agropecuárias. Várias começam a ser realizadas em Mato Grosso, mas sem a emissão do GTA não há como transportar os animais para os leilões. “O que a gente espera é que se tome atitude para se resolver sem prejuízo à sanidade”.
