A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, assinaram, nesta semana, um acordo de cooperação para dar continuidade às pesquisas sobre a pecuária de corte em sistemas integrados. Desta vez, com foco na emissão dos gases de efeito estufa e o sequestro de carbono pela pastagem e árvores.
Assinaram o acordo o presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, além de representantes da Embrapa Agrossilvipastoril, sendo a chefe-geral Laurimar Vendrúsculo, o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Rafaell Pitta, e o ex-chefe-geral Auster Farias. Também é parceira do projeto, assim como nas outras fases, a Acrinorte.
Com a assinatura, terá início a terceira fase de pesquisas com bovinocultura nos sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), além da pecuária somente a pasto . O objetivo é ter indicadores de balanço de carbono nas propriedades, de modo a promover um desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da pecuária de corte.
“Precisamos estar alinhados sempre com o que está acontecendo no mundo. As cobranças externas são enormes para nosso setor, principalmente para nossa pecuária. Essa pesquisa poderá mostrar que a pecuária atual sequestra o carbono da atmosfera através das pastagens e das florestas preservadas em cada propriedade. Para nós é um motivo de orgulho poder dar continuidade a essa parceria com a Embrapa que já dura alguns anos”, afirma o presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior.
O consultor da Acrimat, Amado de Oliveira, explica que a ampliação dessa parceria é fundamental para que o setor da agropecuária no Estado possa ter dados que quantifiquem o potencial ambiental do sequestro de carbono nesses sistemas produtivos – a partir da mensuração da quantidade de carbono captado na atmosfera e aportado nos sistemas estudados – como um complemento às pesquisas já realizadas.
A primeira pesquisa trabalhou com machos nelore e buscou levantar dados sobre componente forrageiro e ganho de peso dos animais em diferentes sistemas produtivos. Na sequência, foi realizada a pesquisa com novilhas nelore e levantou informações sobre indicadores de precocidade sexual, peso dos bezerros e sanidade animal.
“Sentimos que precisamos quantificar os gases de efeito estufa e carbono. Esse projeto é uma continuidade. Continuarão o estudo para fazer uma série histórica maior, a respeito da produtividade nesses sistemas integrados, e agora para calcular o carbono e gases do efeito estufa, para que possamos ter esses indicadores sempre buscando conhecer nossas condições climáticas e o impacto disso na pecuária de corte”, explicou Amado de Oliveira.
Além disso, segundo o consultor, a intenção é que os produtores possam também, a partir dos resultados obtidos, identificar o potencial econômico do sequestro de carbono, de modo que esse crédito de carbono possa ser convertido em títulos negociáveis no mercado de carbono no mundo.
“É um esforço da Acrimat para que possamos conhecer, quantificar, e possamos fazer certificar isso nas propriedades, para que o produtor possa ter um instrumento, um produto ambiental, que possa comercializar. Os resultados serão uma oportunidade dos países da Europa, que não têm os ativos ambientais que nós temos, de mitigarem o passivo ambiental deles, comprando de nós que temos disso. A expectativa é de que já no final do ano tenhamos um produto dessa pesquisa”, afirmou Amado de Oliveira.
Para Laurimar Vendrúsculo, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, a cooperação é importante e inovadora na medida em que as instituições buscam soluções para mudanças climáticas a partir da pecuária. “É bem interessante que a gente possa aplicar metodologia que a Embrapa e parceiros possuem para mensurar o balanço de gases de efeito estufa, bem como que a gente possa medir o desempenho desses machos jovens na região de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado”, disse.
Ainda segundo Vendrúsculo, a cooperação será importante, uma vez que a informação gerada nesse projeto pode subsidiar certificadoras em um programa maior. “A gente espera que outras parcerias se estabeleçam nessa área tão importante, que são as mudanças climáticas e ficamos muito felizes com a assinatura desse termo de cooperação”, concluiu.