Acrimat teme que reforma tributária a deixe “nas mãos” dos frigoríficos

A reforma está sendo debatida, em uma rodada de reuniões, por representantes de diversos setores
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp
30f3386483fa5782618615e4036d63d7

José João Bernardes, presidente da Acrimat, diz que reforma tributária beneficia frigoríficos, pode monopolizar mais o setor e será difícil para pecuaristas assimilarem aumentos de tributação do ICMS

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, disse que o setor é contra os aumentos de impostos propostos pelo projeto de reforma tributária apresentado pelo Governo do Estado no início de novembro. Entre os pontos de discordância dos ruralistas, está a proposta do aumento do ICMS para o boi em pé.

A reforma está sendo debatida, em uma rodada de reuniões, por representantes de diversos setores, entre eles a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), além da Acrimat.

Um dos pontos propostos pela reforma seria o aumento do ICMS sobre a movimentação dos bois vivos (boi em pé), que hoje é de 7% e passaria para 12%. A medida, segundo o presidente da Acrimat, iria onerar os produtores.

“Nós entendemos que nosso segmento já contribui fortemente com o Estado e que ficaria muito difícil o setor, principalmente os pecuaristas, assimilarem esses aumentos na tributação. Esse aumento na alíquota pouco vai aumentar a arrecadação para o Estado e em contrapartida vai dificultar a vida do produtor”, afirmou.

Ele ainda citou que as reformulações beneficiariam os frigoríficos e, também, podem monopolizar ainda mais o setor. O presidente citou a região do Araguaia, onde grande parte dos frigoríficos é controlada somente por uma empresa. Ele argumentou que “essas propostas podem acabar retendo o boi dentro do Estado e, com isso, os únicos beneficiários seriam os frigoríficos, que estipulam o preço da carne”.

Bernardes esclareceu que, caso a reforma seja aprovada nos moldes atuais, com os aumentos das alíquotas, em um primeiro momento, o consumidor não sentiria os aumentos dos preços da carne.

O presidente disse ainda que os setores ruralistas irão contratar consultores tributários para analisar as possíveis inconstitucionalidades na proposta da reforma. “Nós precisamos verificar se não existem outras dubiedades de interpretação e inconsistências. Nossa preocupação é também com a parte burocrática, que nós acreditamos que deveria diminuir. Estamos fazendo tudo isso porque precisamos de um processo que traga garantias aos setores”, defendeu.

Reforma tributária

A reforma tributária proposta pelo governo estadual deve passar por votação na Assembleia para entrar em vigor. O objetivo do governo é que o projeto chegue à AL até o próximo dia 20 e que seja aprovada ainda este ano.

De acordo com o governo, a ideia é equilibrar os impostos que incidem sobre a cadeia produtiva de Mato Grosso. O projeto prevê unificação das alíquotas, promovendo isonomia e permitindo uma competição igualitária entre os setores.