A agropecuária ganhou importância e movimentou boa parte da economia na década passada. De 2011 a 2020, as exportações do agronegócio ficaram próximas de US$ 1 trilhão, deixando um saldo comercial do setor de US$ 800 bilhões, sem considerar os gastos com importação de insumos.
Os dados do Ministério da Economia desta segunda-feira (4) mostram que 2020 esteve entre um dos melhores anos.
O avanço do país, em volume e em variedade de produtos em mercados até então pouco explorados, fez com que a participação das exportações do agronegócio, que somavam 37% do total da balança comercial em 2000, subissem para 49% em 2020.
As exportações tiveram reflexos na renda dos produtores e no poder de investimentos, mas também nos preços internos, que, em muitos casos, passaram a refletir os valores externos. Em 2000, o Brasil produziu 83 milhões de toneladas de grãos, volume que aumentou para 149 milhões em 2010 e para 257 milhões em 2020.
No fim da década de 1990 e no início dos anos 2000, o país tinha saldo negativo na balança comercial. A partir de 2001, quando a agropecuária superou a marca dos US$ 20 bilhões anuais em exportações, o saldo nacional passou para o azul e vem apresentando valores crescentes.
Bom na produção e na exportação de alimentos, mas dependente de insumos, a agricultura fez o Brasil trazer para dentro de suas fronteiras 2,8 milhões de toneladas de agrotóxicos e 233 milhões de toneladas de fertilizantes. Os gastos com esses insumos somaram US$ 99 bilhões.
O crescimento da produção e das exportações levou renda para dentro das porteiras, melhorando a capacidade de investimentos do produtor, principalmente os de maior fôlego.
O VBP (Valor Bruto da Produção) da década atingiu R$ 7,4 trilhões, 95% mais, em termos reais, do que o da década de 2001 a 2010. O VBP é resultado do volume de produtos comercializados e dos preços obtidos pelos produtores.
Esse bom momento do setor mostra, porém, concentração da produção em poucos produtos, entre eles a soja, e o peso de alguns mercados, como o da China. O grande destaque na lavoura foi a soja, que rendeu US$ 212 bilhões nas exportações na década passada, considerando apenas o grão.
No campo, os produtores tiveram um valor de produção de R$ 1,5 trilhão com a oleaginosa, 79% mais do que na década anterior. Outros produtos, como milho e algodão, foram importantes para incrementar o caixa da agricultura.
Um dos destaques fica para o algodão. Uma lavoura devastada por pragas antes dos anos 2000, ressurgiu e obteve exportações de US$ 18 bilhões de 2011 a 2020, uma evolução de 171% em relação aos dez anos anteriores.
Internamente, o desempenho foi melhor ainda. Uma cultura restrita a poucos produtores, devido aos elevados investimentos, rendeu R$ 336 bilhões dentro da porteira, 295% mais que na década anterior.
Carnes
Os anos recentes foram também o período das carnes. Apesar de alguns escândalos e problemas internos nos métodos de produção, as exportações de proteínas atingiram US$ 143 bilhões na década, 99% mais do que na anterior.
Internamente, o VBP evolui em todos os segmentos das proteínas. O destaque, no entanto, é o da bovinocultura, que rendeu R$ 1 trilhão dentro da porteira de 2011 a 2020.
O Brasil foi favorecido pela intensa demanda externa por alimentos nos anos recentes. Houve um aumento da urbanização e da renda média da população mundial, principalmente em países em desenvolvimento.
Isso, somado a graves problemas de seca e de doenças em grandes produtores, permitiu ao país ser uma opção no fornecimento de grãos e de proteínas.
Fator China
A China foi o grande mercado. O país ficou com 84% das 526 milhões de toneladas de soja exportadas pelo Brasil no período. A crescente demanda de carnes pelo país asiático, principalmente após a chegada da peste suína em seu território, também colocou os brasileiros como os principais fornecedores desses produtos.
Considerando apenas as compras de alimentos, o chineses adquiriam do Brasil o correspondente a US$ 14 bilhões por ano no início da década passada. No final dela, a soma era de US$ 30 bilhões por ano.
A produção da década passada, porém, se voltou para produtos exportáveis, principalmente devido à ajuda do dólar.
Com informações da Associação Brasileira dos Criadores (ABC)