Agro tem que mirar nos asiáticos

Em coletiva à imprensa, ministro Blairo Maggi destacou o “marketing verde” do Brasil para ganhar mais mercados
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Apostando em um “marketing verde” pautado na sustentabilidade, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, anunciou que a missão à Ásia encaminhou cerca de US$ 2 bilhões em investimentos e relações comerciais. Após visitar 7 países da região mais populosa do mundo, ele chegou a uma conclusão: “o mundo vai acontecer na Ásia. E é para lá que temos que olhar”.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira (27), em Brasília, Maggi apresentou os dados que convenceu os asiáticos a apostaremsem-titulo no Brasil e reaquecendo as expectativas dos mato-grossenses de expandirem os negócios com aqueles países. “Já que eles não podem fazer preservação ambiental vão ter que pagar alguém para fazer. Não que eu queira que alguém pague por nós estarmos preservando, mas que dê preferência ao nosso produto por fazermos isso”, resumiu.

Para o ministro, o fato de o Brasil ter 61% de área preservada é uma publicidade positiva e demonstra o aprimoramento da tecnologia empregada na produção agrícola. Quanto ao valor estimado de investimentos encaminhados, entre US$ 1,5 bilhões e US$ 2 bilhões, o ministro afirmou que para eles se efetivem vai depender da atuação da iniciativa privada. “Esta é uma expectativa. O governo estimula o setor (produtivo) e cria regras. Mas quem faz (a negociação) é a iniciativa privada”. Durante a missão, cerca de 40 empresários brasileiros participaram da agenda do ministro Maggi, acompanhando-o nas negociações e abertura de novos mercados.

Entre os países visitados estavam China, Índia, Vietnã, Coreia do Sul, Myanmar, Tailândia e Malásia. Nos 25 dias de viagem, iniciados em 31 de agosto, mais de 500 empresários asiáticos tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o Brasil e o potencial de fornecimento de alimentos. A intenção de Maggi é que o país amplie a participação nas exportações no mercado internacional de 7% para 10% em 5 anos.

O diretor administrativo financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Nelson Luis Piccoli, avalia que em relação à questão ambiental, o Estado, assim como o país, estão de portas abertas para os investidores estrangeiros verificarem que a produção brasileira tem a qualidade verde. “Temos recebido pelo menos duas delegações estrangeiras para acompanhar a nossa produção, principalmente de soja e milho. Vemos com bons olhos a preocupação quanto a sustentabilidade. Para nós produtores ter práticas ambientalmente corretas não é difícil, porque temos um Código Florestal que obedece os critérios de sustentabilidade almejados no exterior”.

Quanto à aproximação do Brasil com os países asiáticos, Piccoli pontua que esta é uma das ações mais importantes feitas pelo Mapa até então, pois garante segurança na exportação dos alimentos. “Como temos uma produção muito grande e ainda temos perspectiva de aumentar o volume produzido nos próximos anos vamos precisar de um mercado consumidor seguro e capaz de absorver toda a oferta”.

porto-de-santosBALANÇO DAS NEGOCIAÇÕES – Entre as conquistas imediatas com a viagem está a reabertura de mercado de carnes suína, bovina e de frango para o Vietnã. Também ficou acertado que técnicos do país virão ao Brasil para inspecionar frigoríficos. Ainda não há data definida. Também ficou acordada a venda de produtos lácteos brasileiros para aquele país. Houve a ampliação do mercado de carne aves para a Malásia e o agendamento de visita de técnicos daquele país ao Brasil para fazer inspeção em frigoríficos. Outras negociações ocorreram envolvendo a exportação de bovinos vivos, carne bovina e material genético bovino (embrião e sêmen).

Já na Índia foram negociadas as vendas de madeira, couro e pescados. Também foi anunciada a construção de uma filial da empresa indiana UPL no Brasil, para produção de ingredientes ativos de agroquímicos. O valor estimado do investimento é de R$ 1 bilhão. Com a UPL foi fechada ainda um acordo bilateral envolvendo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolvimento de pesquisas com leguminosas como a lentilha. A estimativa é de que a Índia importe 7 milhões de toneladas do produto em 2017, e passe para 30 milhões (t) em 2030. A pesquisa vai receber aporte de R$ 100 milhões daquele país.

Outro país que rendeu divisas para o Brasil foi a Tailândia, que vai importar carne bovina e farinha para ração. Na Coreia do Sul foi habilitada a exportação de carne suína de Santa Catarina. Na China, os empresários brasileiros negociaram a venda de diversos produtos brasileiros como grãos, carnes, pescados, frutas, café e açúcar. Myanmar reabriu as licenças de importação para produtos como carnes, frutas e grãos.

“Mostramos lá fora que o Brasil tem um ativo ambiental muito grande. Nossas reservas, nossas florestas não podem ser convertidas em atividades agropecuárias. Quando alguém acessa um produto brasileiro está comprando um pacote ambiental e social”, reforçou o ministro Blairo Maggi. E diante das perspectivas de crescimento populacional dos países asiáticos, ele pontuou que o Brasil é estratégico para garantir a segurança alimentar daquela região.

MATO GROSSO – A visita de Blairo Maggi à Ásia reaquece as expectativas em relação às exportações de Mato Grosso para os 7 países visitados pela comitiva liderada pelo ministro. Dados do Mapa, compilados pela Fiemt, apontam que entre os meses de janeiro e agosto deste ano foram negociados US$ 10,244 bilhões em produtos produzidos em Mato Grosso com aquelas nações. O valor é 21,6% menor do que o registrado que em igual período do ano passado, quando foram embarcados US$ 13,070 bilhões em produtos. As exportações foram comprometidas principalmente pela perda de produtividade causada pela escassez de chuvas.