O agronegócio como uma atividade que contribui para a saúde do cidadão e do planeta, a importância do investimento em conhecimento e comunicação, o fortalecimento do associativismo e o protagonismo feminino foram alguns dos principais pontos abordados pelo publicitário José Luiz Tejon durante o 2º Arroba e Prosa, evento realizado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) na noite desta terça (22), que contou com a participação virtual do público.
O palestrante disse que o agronegócio é sinônimo de saúde. “Cuidamos da saúde, do meio ambiente, do solo, animais, plantas, dos seres humanos”. Para Tejon, é importante investir pesado na comunicação educativa, pois o setor sofre “com uma imagem desgastada com relação ao meio ambiente. Temos a melhor lei florestal do mundo, a mais severa, porém na batalha das narrativas e da comunicação apanhamos feio”.
O comunicador asseverou que todos os dados que comprovam as boas práticas executadas pela atividade agropecuária não conseguem vencer as generalizações que apontam as imperfeições do trabalho do produtor, e que isto reverbera com mais potência. “Acabamos sendo vistos como um país predador do meio ambiente, quando de fato é ao contrário: temos aqui a melhor agropecuária do mundo, a forma como lidamos com nossas riquezas naturais é o sonho que o planeta todo desejaria”.
Em outro momento, Tejon citou um artigo escrito por ele onde destacava que “a sociedade vai exigir confiança total nos alimentos, e que a origem destes alimentos passará a ser muito importante no processo decisório dos consumidores finais e das redes supermercadistas”, para em seguida lembrar de uma pesquisa realizada para a Acrimat, a cerca de quatro anos, que dentre outras coisas identificou que o consumidor percebe que a carne produzida em Mato Grosso como uma carne saborosa, sendo associada com o fato de que os animais são criados levando em consideração o bem estar animal e a sustentabilidade.
“Essa percepção positiva que o consumidor urbano de metrópoles como São Paulo tem da carne produzida aqui é importantíssima para pecuária, pois mostra confiança no produto; então temos uma carne de qualidade, boa, saborosa, mas que ainda é vista como cara por muita gente, e este é um ponto que deve ser resolvido”, disse Tejon.
Associativismo
O palestrante observou que o associativismo vai se expandir, tanto num formato nacional e internacional das associações, quanto na busca pelo seu modelo em países emergentes. “É fundamental buscar o fortalecimento de associações como a Acrimat, isto definirá o futuro deste modelo, que precisa deste fortalecimento para negociar com o mercado de forma a obter mais vantagens para os produtores”, completou Tejon.
Disse ainda que a economia e a intensidade da luta antidesigualdade vai obrigar o capital mundial a investir no desenvolvimento internacional, e isso vai beneficiar o Brasil, “pois somos um dos principais produtores de alimentos – e isso inclui a carne -, do mundo”.
Comunicação e ciência
Aproveitando o tema associativismo, Tejon destacou o trabalho de associações como a Acrimat e seu papel em educar a população sobre o consumo de carne e seus benefícios, além do trabalho essencial que o pecuarista realiza na proteção do meio ambiente e produção de alimentos. “A Acrimat tem exercido este trabalho de forma muito competente, ampliando o diálogo com a sociedade urbana por meio de ações como esta aqui, da qual participo hoje; conversar com todos os públicos é fundamental para os novos tempos, não devemos falar apenas para o campo, para o homem do campo, precisamos nos comunicar com o cidadão urbano, com a sociedade, e a Acrimat tem feito isso de forma sensacional”.
Contudo, alertou para falhas na comunicação em diversos setores do agronegócio. “Os consumidores se preocupam com a origem, o percurso e o modo de produção dos alimentos. O agronegócio tem sido extremamente competente em sua organização dentro e fora da porteira no que diz respeito à apresentação de um produto de qualidade, inclusive reconhecido internacionalmente, mas ainda não é capaz de comunicar essa eficiência e eficácia ao consumidor final”, explicou.
Ao destacar a importância do conhecimento, do estudo e da aplicação da ciência no desenvolvimento das ferramentas que possibilitam o crescimento do agronegócio e a criação de entidades como a Embrapa, Tejon disse que as pessoas confiam na ciência.
“A tropicalização da agropecuária, algo que ocorreu com forte investimento em conhecimento a partir da década de 70, e que começou a mostrar resultado a partir dos anos 90, colocou o país numa posição vantajosa. Somos o único país no cinturão tropical do globo que foi capaz de conquistar a posição de potência agrícola”.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as tecnologias de manejo transformaram nossos solos pobres em terra fértil. “A tropicalização dos cultivos, com ciclos diferenciados, nos permitiu aproveitar terras em todas as condições climáticas. Os manejos e as práticas sustentáveis que desenvolvemos constituem um arsenal de defesa ambiental. Com seu dinamismo empreendedor, os produtores souberam combinar esses conhecimentos e aproveitar as oportunidades de mercado. Eles conduziram a agricultura a patamares que tornaram as safras do Brasil essenciais para a segurança alimentar do País e do mundo”.
Tejon aproveitou o gancho para dizer que o investimento feito na ciência fez com que nos tornássemos um país que concorre de igual pra igual com países como Estados Unidos, China e potências europeias. “Perdemos o medo de competir”, salientou Tejon.
Mulher no agronegócio
Segundo Tejon, as mulheres “são sinônimo de desenvolvimento no agronegócio. “Elas atuam como aceleradoras da evolução, estão sempre em busca do novo, e isso deve ser reconhecido num espaço em que os homens ainda dominam”. O comunicador completou que estamos seguindo para uma melhoria da atividade agropecuária devido às mulheres, que estão à frente de pequenas propriedades e que buscam a profissionalização. “A agropecuária familiar é, na maioria das vezes, comandada pelas mulheres rurais e elas são capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável.
De acordo com Tejon, elas representam mais de 40% do rendimento familiar no campo, e hoje são mais de 14 milhões de produtoras rurais envolvidas nas atividades agropecuárias. “De comunidades extrativistas a pecuária a agricultura familiar, elas estão assumindo o comando”.
Arroba e Prosa
Quer saber como foi o evento mas não pode assistir ontem? Não se preocupe, acesse o link a seguir e fique por dentro de tudo que rolou na 2ª edição do Arroba e Prosa https://www.youtube.com/watch?v=JAnqMxUbADU