Geralmente as pessoas entendem o agro como sendo uma atividade que apenas produz alimentos, sem muitas consequências para os outros setores da economia. Na verdade, é um setor que gera desenvolvimento e oportunidades dentro e fora das propriedades rurais.
As fazendas necessitam, para o seu processo produtivo de centenas de milhares de tratores, colheitadeiras e os mais diversos implementos agrícolas que incrementam enormemente nossa indústria mecânica.
Temos ainda a necessidade de construção de silos e armazéns e a utilização de milhares de toneladas de fertilizantes e defensivos. No setor pecuário as rações, vacinas e remédios, são imprescindíveis para tocar e manter saudáveis os rebanhos de bovinos, suínos e aves.
Não podemos esquecer as produções agrícolas não destinadas à alimentação, mas que mobilizam uma grandiosa rede de indústrias, como biodiesel, etanol, borrachas, fibras, couros e madeira para biomassa, celulose, construções e móveis.
Uma vez produzidos, os grãos são transportados por centenas de milhares de caminhões, trens, barcaças e navios, que precisam de uma sofisticada indústria para fabricá-los, mais um tanto de motoristas para conduzi-los e mais uma estrutura de peças, mecânicos e borracheiros para mantê-los em funcionamento. A administração das fazendas exige ainda camionetes de todos os tipos e tamanhos.
Ao visitar um supermercado, veremos que quase todos produtos expostos tem origem no campo e que necessitaram de limpeza, seleção, industrialização e embalagem para serem comercializados. Temos centenas de produtos lácteos, carnes naturais e embutidos, derivados de farinhas, conservas, frutas, hortaliças, etc.
Nas bebidas, pouca gente tem noção de serem produtos originados no campo. A liderança do setor vem dos fermentados, cervejas e vinhos e dos destilados, wiskys, cachaças, vodcas, etc.
Agradeça ao agro por usufruir ocasionalmente alguns momentos de descontração.
Mas é preciso assegurar a postura dessa galinha brasileira que põe ovos de ouro.
Cabe ao governo, aos produtores e as indústrias, manter essa evolução progressiva do agro.
É necessário acessar novos mercados e ter presença com protagonismo nos foros internacionais.
Temos uma invejável organização de nossos produtores, tanto grandes como pequenos. O cooperativismo e a integração às indústrias, promoveram ganhos tecnológicos de ponta em todas as culturas, crédito facilitado e insumos baratos. As associações de classe seguiram o mesmo caminho, atendendo ainda interesses políticos e jurídicos.
Entretanto algumas possíveis ações do novo governo deixaram o setor um pouco apreensivo. Taxações nas exportações, risco ao direito de propriedade e o rumo na condução da política econômica, poderão pôr em risco esse ciclo virtuoso.
As indústrias e os produtores também tem a sua cota a cumprir. Alimentos de qualidade e saudáveis, produção amigável com o meio ambiente e concorrência vantajosa em preços, certamente conquistarão novos mercados.
O agro é um dos poucos setores que podemos liderar mundialmente. Ele representa metade das nossas exportações, produzindo riqueza e empregos, dentro e fora das porteiras, com potencial de reduzir as desigualdades sociais.
Espera-se que o aumento da bancada ruralista na câmara e no senado, possa inibir o avanço de qualquer pauta que venha em prejuízo do agro.
Arno Schneider é engenheiro agronômo, pecuarista e diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).