Associativismo deve ser analisado com cautela no atual cenário brasileiro

Produtores precisam ponderar quais são as melhores alternativas

Veloso acredita que cenário deve melhorar daqui para a frente (Foto: feed&food)

O mercado pecuário brasileiro atravessa um período de turbulências econômicas. Não é novidade que a descrença política, o alto desemprego e a baixa no preço da arroba desmotivaram e preocuparam pecuaristas em todo o território nacional. Somado a este cenário, a Operação Carne Fraca e as seguintes delações também influenciaram no clima de tensão entre os produtores de proteína animal.

O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG, Goiânia/GO), membro da Comissão Nacional de Pecuária de Corte e participante da Câmara Setorial da Carne do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), Mauricio Veloso, é categórico: a insegurança acabou.

Em sua opinião, o pecuarista tem hoje a oportunidade de valorizar o seu animal terminado o que, ao mesmo tempo, não significa uma “queda de braço com os frigoríficos”, mas apenas a obediência a uma lei implacável, a da oferta e procura.

“É um ótimo momento para a cadeia como um todo, é preciso buscar o equilíbrio e um melhor senso de justiça pela qualidade, pelos animais terminados, pela indústria frigorífica. Ambos se necessitam, e precisam de uma interlocução mais inteligente e objetiva, buscando o bem comum”, salienta Veloso.

Nesse cenário turbulento os pecuaristas buscaram se organizar para assumir frigoríficos e tomar as rédeas do mercado. Para o presidente da FAEG, o perigo está nas decisões impensadas, em forma de urgência. “O sistema cooperativo, em tese, é perfeito. Mas para dar certo é preciso que a cultura cooperativista exista dentro das pessoas que a compõe, e isso não se consegue da noite para o dia”, comenta.

Para ele, as associações de compra e venda são um excelente exercício para que se chegue ao cooperativismo. “A oportunidade de ganhar na compra é maior do que na venda, então todo processo organizacional é muito bem-vindo na pecuária, não só na porteira adentro, mas também afora”, conclui Mauricio Veloso.

Já na opinião do analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, Adolfo Fontes, o modelo de coordenação da cadeia de valores funciona na teoria, mas na prática a história pode ser outra. “Neste ano, por exemplo, os elos da cadeia se desconectaram completamente. É preciso que cada elo faça o seu trabalho, assim havendo maior comunicação entre eles”, diz e finaliza: “As cadeias produtivas tendem a se ajustar de tempos em tempos, mas, o ideal é que ela seja coordenada”.