Avança a criação do novo sistema de classificação de carcaças bovinas

A proposta prevê a adesão voluntária dos frigoríficos ao sistema, porém, uma vez aderidos os frigoríficos participantes deverão submeter à classificação 100% do abate. Além disso, a adesão ao novo sistema de classificação e tipificação de carcaças bovinas será pré-requisito para a normatização dos termos relacionados a atributos de qualidade utilizados na rotulagem de cortes bovinos
Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no whatsapp

Enquanto prosseguem os debates em torno do embargo do bloco europeu à carne de frango brasileira e também as negociações firmadas entre a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) para levar o Programa Nelore Natural à Bolívia, o Brasil continua dando passos ambiciosos no terreno da pecuária. Tanto que a proposta do setor produtivo para um novo sistema nacional de classificação e tipificação de carcaças bovinas foi o tema central da reunião da Comissão Nacional da Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), durante a 84ª Expozebu, em Uberaba (MG).

O modelo proposto resulta do trabalho do grupo de discussão composto pelas associações Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Brasileira de Angus (ABA) e a própria ACNB, a Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), além da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ação tem o apoio de duas instituições de reconhecida competência, as universidades Estadual de Campinas (Unicamp), representada pelo professor Sérgio Pflanzer, e a de São Paulo (USP), com a professora Angélica Pereira.

O objetivo é criar um padrão único, auditável, para a classificação das carcaças bovinas feita nas diversas unidades frigoríficas do País. “A partir dessa informação confiável, teremos condições de conhecer melhor o perfil da carcaça produzida no Brasil e traçar caminhos para melhorar a produção de carne bovina como um todo”, explica o presidente do Conselho de Administração da Assocon, Alberto Pessina. A proposta é que o sistema de classificação e tipificação de carcaças tenha gestão compartilhada entre o produtor e a indústria.

O presidente da ACNB, o médico Nabih Amin El Aouar, explica que a principal vantagem de ter regras claras e padronizadas para a classificação e a tipificação da carcaça é a criação de uniformidade com as indústrias que aderirem ao projeto. “Um sistema claro e confiável possibilita nova oportunidade de referência para remuneração dos pecuaristas, além de ser uma importante ferramenta para a organização da cadeia produtiva da carne bovina”, informa El Aouar.

De acordo com o gerente do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, Fábio Medeiros, os principais ganhos desse processo que está se estruturando é a padronização de critérios e o aumento da transparência no processo de classificação e tipificação de carcaças no Brasil. “É uma das primeiras construções de consenso entre os elos da cadeia produtiva, podendo se tornar a porta de entrada para muitas outras construções coletivas. De um lado, temos as indústrias, e do outro, os produtores. Nesse processo, todos trabalham juntos, buscando soluções para os gargalos do setor por meio de diálogos, resultando em propostas que beneficiem toda a cadeia produtiva”, ressalta Medeiros.

A proposta prevê a adesão voluntária dos frigoríficos ao sistema, porém, uma vez aderidos os frigoríficos participantes deverão submeter à classificação 100% do abate. Além disso, a adesão ao novo sistema de classificação e tipificação de carcaças bovinas será pré-requisito para a normatização dos termos relacionados a atributos de qualidade utilizados na rotulagem de cortes bovinos. A iniciativa proposta pelas entidades, já aprovada pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, em última reunião realizada no início do mês de abril, irá agora ser submetida à análise do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).