“Brasil vive crise de imagem, não sanitária”, diz Vacari

Em entrevista ao LIVRE, diretor executivo da Acrimat analisa as consequências da Operação Carne Fraca
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O momento pede calma. Essa é a mensagem que a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) vem tentando fazer chegar à ponta da cadeia produtiva, depois do turbilhão provocado pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

Em entrevista ao LIVRE, o diretor executivo da Associação, Luciano Vacari, faz uma análise da operação e diz que o país vive uma crise de imagem e não sanitária.

“Isso mexeu com toda a cadeia produtiva, mas, de maneira muito transparente e com a nossa linguagem, estamos mostrando em que pé as coisas estão”, afirma.

Vacari tem se dedicado nos últimos a dias a viajar por Mato Grosso para um trabalho de esclarecimento sobre os rumos do mercado da carne. A principal dúvida está relacionada ao preço da arroba do boi. “Para quanto vai?”, perguntam os produtores.

Com a redução drástica no número de abates, paralisações e férias coletivas dadas pela JBS – maior rede frigorífica em MT –  em pelo menos 4 unidades no estado, a questão se torna cada vez mais difícil de ser respondida.

O fato é que, em muitas localidades, o preço caiu cerca de R$ 10 em uma semana. Nas cotações do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), é possível perceber que, em municípios como Vila Rica e Juína, a arroba chegou a R$ 120 nesta terça. Além disso, os grupos frigoríficos que estão comprando estenderam o prazo para pagamento de 30 para 45 dias. “Isso é um absurdo”, avalia Vacari.

Segundo ele, o Brasil está passando pela maior crise de imagem da história e não é correto que empresas, sejam elas frigoríficas ou do varejo, se aproveitem desse momento para faturar. A orientação, de acordo com Vacari, é ter calma e buscar sempre o melhor preço na hora de vender os animais. “Eu não posso pedir para que os pecuaristas não vendam, mas eles sabem quanto custa engordar um boi”.

Vacari ressalta ainda, que o país não passa por uma crise sanitária. Prova disso é a retirada dos embargos aos produtos brasileiros. “Os nossos produtos estão voltando a serem exportados, pois não existem riscos sanitários, mas a crise de imagem vai demorar a passar”.

Corrupção

Para o diretor, o Brasil possui um dos melhores serviços de inspeção do mundo. “O que ocorreu foram casos de corrupção”, afirma.

Segundo ele, 30 servidores sob suspeita não podem manchar o trabalho de outros 11 mil que atuam no Ministério da Agricultura. “Esse sistema é reconhecido no mundo inteiro e fez com que exportássemos para mais de 180 países”, pondera.