Como tudo começou

Primeiras pesquisas que resultaram na formação do Composto Mocho Guaporé tiveram início em janeiro de 1974

As primeiras pesquisas que resultaram na formação do Composto Mocho Guaporé tiveram início em janeiro de 1974 na cidade de Carlos Chagas (MG), quando foi realizada a inseminação artificial em trezentas fêmeas azebuadas.

O idealizador do projeto foi o pesquisador Luiz Gonzaga Vasconcelos, juntamente com Armando Leal do Norte, também pesquisador. Eles utilizaram uma base de matrizes zebuínas para a realização da inseminação das vacas cruzadas Chianina x Tabapuã e Limousin x Nelore. Sendo que a base teórica do melhoramento genético foi definir as raças a serem utilizadas para assim obter animais ganhadores de peso, mais férteis, precoces e com boa habilidade maternal.

gado-1-foto-assessoria-acrimat(5)Dessa forma, Luiz Gonzaga seguiu seu programa de melhoramento criando uma raça composta, que usasse a mesma base genética, mas que teria em sua composição racial quase que totalmente sangue das raças zebuínas.

Posteriormente, em 1988, transportou 400 novilhas prenhes do projeto inicial para a fazenda Barra do Marco, localizada no município de Pontes e Lacerda, no Vale Guaporé, região que serviu de inspiração para o nome da nova raça.

Segundo Vasconcelos, como buscava um bovino com fenótipo produtivo e matrizes eficientes, definiu-se que o composto deveria ter 60:40 entre profundidade corporal e pernas, na qual os reprodutores deveriam ter ótima circunferência escrotal e ganho de peso. Assim como as matrizes Mocho Guaporé deveriam primar pela precocidade sexual e habilidade maternal, para se tornarem o zebu ideal para o Brasil.

A raça ocupa espaço importante na pecuária nacional, como escreveu o zootecnista Alexandre Zadra, supervisor da central de inseminação CRI, na Revista AG – Revista do Criador, na edição 182: “O Mocho Guaporé será o modelo de zebu para o Brasil da pecuária avançada, bastando algumas gerações a frente para transmitir á maioria de sua descendência as características buscadas por todos criadores brasileiros no zebu moderno, carcaça de qualidade, ganho de peso, precocidade sexual, habilidade maternal, peito de tamanho moderado, úberes bem conformados. E, sendo ao meu ver, uma raça que pode colaborar demais na reposição de matrizes de qualidade no rebanho nacional, para que os mesmos sirvam de base para o cruzamento industrial. A fim de produzirmos o boi eficiente desejado pelos criadores e a carne macia tão almejada pelos consumidores”.

Finalizada a primeira etapa, quando ainda trabalhavam com animais 5/8 de sangue europeu, eles passaram a utilizar a raça Brahma a fim de introduzir carcaça e musculatura, alternando-a com as raças Nelore e Tabapuã, com o objetivo de produzir animais mais férteis e produtivos, com melhores carcaças.

Contudo, foram mantidos os núcleos dos tipos raciais separados, Nelore, Brahma, Tabapuã, sempre acasalados de forma a manter maior vigor híbrido (heterose) e nunca existindo a possibilidade da consanguinidade. “Uma das características fundamentais dos animais está na docilidade, conversão alimentar alta, resistência a ectoparasitas e uma aptidão maternal satisfatória”, explica o pesquisador. Ele diz ainda que estes animais já foram testados em áreas de Cerrado, Pantanal e sempre se adaptaram a todos os tipos de clima e condições.