Criadores miram em novo projeto

Intenção é minimizar o problema da concentração dos abates nas mãos de apenas 4 empresas em MT

Pecuaristas de Mato Grosso se articulam para criar uma cooperativa de carne. A iniciativa é uma tentativa de resolver o problema da concentração do setor frigorífico no Estado. Atualmente, 4 empresas detêm cerca de 80% da capacidade de abate estadual, segundo os pecuaristas. De acordo com o Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo/MT), somente a JBS abocanha 43% do mercado. Os criadores se veem reféns da concentração, que resulta em desvalorização do boi e instabilidade econômica, devido às dificuldades enfrentadas pelo principal grupo frigorífico do país.

Segundo Luciano Vacari, diretor executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a abertura de uma cooperativa é um assunto recorrente entre os produtores do estado, mas que voltou à tona devido às dificuldades enfrentadas pelo segmento. No entanto, o que surgiu de uma simples conversa entre os pecuaristas fez com que a Acrimat desse os primeiros passos rumo a algo mais concreto.

Vacari informa que a Acrimat iniciou diálogos com instituições para a formatação de um plano de negócios para a futura cooperativa, que deve ser administrada por produtores. “A preocupação é que a cooperativa seja encarada como um negócio, para gerar empregos, renda e impostos. Tem que ser algo profissional”, afirma. “A Acrimat vai ser uma facilitadora nesse processo e vai contratar a elaboração do plano de negócios”.

De acordo com o diretor da entidade, a previsão é que o projeto contemple a criação de 5 unidades de abate, sendo uma em cada região do Estado. “Podem ser unidades novas ou que estão desativadas. O que não pode é continuar do jeito que está. Não tem cabimento as empresas fazerem um investimento deste porte e deixarem unidades desativadas em Mato Grosso”. Vacari complementa que há previsão de uma visita técnica aos estados de Rondônia e Paraná para conhecer exemplos de cooperativas de produtores bem-sucedidas, até o mês de julho.

Marcelo Vendrame, pecuarista de Rondonópolis, diz que a medida é necessária para atender a pecuária estadual. “A gente está em uma situação apertada. Não temos para quem vender e nós estamos preocupados. A cooperativa seria uma solução para resolver o problema, já que sofremos com a concentração nas mãos de 4 empresas, principalmente na região do Araguaia, Xingu, Juara e Juína, que só tem a JBS”, aponta.