Em aversão a risco, pecuarista só quer vender boi à vista à JBS

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Negócios de bovinos podem ser realizados à vista ou a prazo no mercado brasileiro, dependendo da relação comercial de comprador e vendedor.

Segundo dados da Acrimat, o JBS, maior empresa de carnes do mundo, é responsável por 48 por cento dos abates de bovinos no Mato Grosso, e em algumas regiões como o Araguaia a empresa é única compradora.

“Não está fácil para ninguém, tem regiões que só tem JBS, mas outras ele (pecuarista) consegue alternativas”, acrescentou Lygia, da Agriffato.

Com pecuaristas evitando negócios com a JBS, diante da fuga de investidores –a ação da empresa acumula perdas de cerca de 30 por cento desde que explodiu o escândalo na última quinta-feira–, a empresa tem seu custo fixo mais alto, na medida em que a ociosidade das unidades aumenta, explicou Lygia.

Ela comentou que, na situação atual de mercado, é muito mais fácil para o pecuarista segurar o boi do que para o frigorífico ficar sem comprar nada.

A confusão no mercado também foi relatada em análise nesta quarta-feira pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.

“Diante das recentes notícias envolvendo empresa do setor pecuário, o ritmo de negócios de boi gordo está bastante lento. Inseguros, operadores dos diversos segmentos, da reposição ao atacado, se posicionam com muita cautela para compra e venda, negociando apenas quando há necessidade”, disse o Cepea.

Segundo o centro de estudos da USP, frigoríficos que têm escalas um pouco mais alongadas recuaram, acreditando que os preços podem ceder nos próximos dias. “Pecuaristas, por sua vez, confirmam o menor interesse por parte da indústria”, acrescentou.

Apesar de esse cenário resultar em pressão sobre as cotações, pontualmente, disse o Cepea, os frigoríficos com escalas mais curtas pagaram preços maiores para compra de novos lotes, fazendo com que as médias diárias se mantivessem ou mesmo aumentassem em alguns dias.

Entre 16 e 23 de maio, o indicador do boi gordo do Cepea cedeu 0,47 por cento, passando de 137,02 reais para 136,38 reais a arroba na terça-feira. No acumulado de maio, a queda é de 1,96 por cento.