Embrapa lança BRS Quênia, nova cultivar de panicum

Capim é tido como um dos melhores do gênero, de alta produção e qualidade de forragem, além de ser considerado de fácil manejo
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Animais em pastejo da BRS Quênia

A BRS Quênia é o mais novo produto dos cientistas que trabalham com programa de melhoramento genético de cultivares de Panicum maximum na Embrapa. Há dois anos, eles lançaram no mercado o primeiro híbrido de panicum, a BRS Tamani, e agora acreditam ter lançado um capim tão bom quanto.

“A BRS Quênia é uma combinação perfeita, que se supera em todos os quesitos”, afirma a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Liana Jank. Segundo ela, os quesitos referem-se à alta produção, qualidade da forragem e facilidade de manejo, “tudo que se espera de uma planta que o mercado precisa para intensificar a produção animal”.

Durante os estudos, a variedade passou por uma série de seleções, entre elas a visual, de resistência a pragas e doenças, desempenho animal, pastejo, resposta à adubação e produção de sementes, e se sobressaiu em todos os ensaios que foram conduzidos nos Estados de Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal,.

Os resultados também foram positivos quanto ao desempenho animal. Em experimento sob pastejo, conduzido em Campo Grande, MS, por três anos, a planta superou outras cultivares de panicum tanto nas águas quanto na seca para ganho de peso, taxa de lotação e produtividade. Segundo a pesquisadora Liana Jank, mesmo não havendo diferenças significativas no ganho de peso durante o período das águas, o desempenho animal foi 17,6% superior quando comparado com outra cultivar.

Em ensaios realizados sob pastejo no Bioma Amazônia, a cultivar BRS Quênia teve desempenho superior quando comparada ao capim Tanzânia, proporcionando ganho de peso vivo de mais de 860 kg/ha na média dos dois anos de estudos, o que equivale a 28,7 @/ha/ano. A explicação está no fato de a BRS Quênia ter colmos mais tenros, valor nutritivo superior (com maior digestibilidade da matéria orgânica) e maiores teores de proteína bruta.

Resposta a solos férteis – Para bom e rápido estabelecimento da planta, no entanto, algumas exigências precisam ser cumpridas. Uma delas é que os solos sejam bem drenados, já que ela se mostrou intolerante ao encharcamento, e a outra que a fertilidade do solo esteja equilibrada.

A quantidade de fósforo a ser utilizada, por exemplo, depende do nível de argila. Em solo muito argilosos – com mais de 60% do componente – a quantidade de fósforo necessária é de 4 a 5 mg/dm³. Naqueles solos menos argilosos – com menos de 15% de argila – a quantidade chega a ser de 18 a 21 mg/dm³ do nutriente. Além do fósforo, deve-se também verificar os níveis de potássio, zinco e outros elementos, sempre com o apoio de profissionais habilitados. “Na fase de utilização da pastagem, os níveis de reposição de nutrientes devem ser equivalentes aos níveis de produção animal, a fim de não diminuir a longevidade do pasto e a produção de carne ou leite”, recomenda Liana.

Indicações de plantio – Na hora da semeadura, a recomendação é utilizar de 3 a 4 quilos de sementes puras viáveis por hectare em uma profundidade de 2 a 5 cm, uma vez que, segundo a pesquisadora, de 10% a 20% das sementes puras viáveis de panicum se estabelecem, e nesse caso, 20 plantas por metro quadrado é o mínimo necessário. Para garantir a boa formação do pasto, ela fala em 30 a 60 plantas por metro quadrado. “Esta maior população proporciona uma rápida formação do pasto e cobertura do solo, além de reduzir a presença de plantas daninhas, evitar o escorrimento de água e a erosão do solo, possibilitando com maior rapidez a utilização da pastagem e maior produção animal”, diz.

O primeiro pastejo pode ser feito de 50 a 60 dias após o surgimento das plantas. E a altura ideal para entrar com animais é de 70 cm. “Passada essa altura, o pasto acama, mas mesmo assim o animal come, sendo essa mais uma característica positiva e interessante desse novo hibrido”, diz Liana.

“O principal diferencial da BRS Quênia, em relação às cultivares Tanzânia e Mombaça, é a melhor arquitetura da planta, com touceiras de menor tamanho, maior densidade de folhas verdes e macias, colmos tenros e menores porcentagens de material morto, facilitando o manejo do pastejo e a manutenção da estrutura do pasto mais favorável ao elevado consumo da forragem pelo gado”, completa Liana Jank.

O lançamento da cultivar acontece na Dinâmica Agropecuária (Dinapec) entre os dias 8 e 10 de março. O evento é sediado na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS. De acordo com a Embrapa, a chegada ao mercado está prevista para agosto.