Fusão de ministérios gera divergência no agronegócio

A fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente não é consenso no setor do agronegócio.
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Para alguns, essa união vai trazer para a agricultura problemas específicos da área ambiental que não devem ser tratados no setor agrícola.

Pautas ambientais de vários setores industriais, como os da química e mineração, vão se somar às próprias da agricultura.

Para outros, já que Jair Bolsonaro quer reduzir o número de ministérios, essa fusão de Agricultura e Meio Ambiente pode ser um caminho.

“É um equívoco”. Essa é a avaliação do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), ex-secretário de Agricultura do estado de São Paulo e há anos engajado no setor do agronegócio.

“Trazer o Ministério do Meio Ambiente para o âmbito da agricultura é deixar de ter o foco onde ele precisa estar: nos centros urbanos. A agricultura tem suas regras ambientais, e um dos exemplos é que, cada vez mais, gera energia limpa para o país”, afirma.

Já o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), Antonio Galvan, concorda com a união.

“A questão ambiental virou ideologia interna, que tenta atrapalhar nosso trabalho.”

Segundo ele, ninguém quer cometer ilegalidades nesse setor, mas deve haver agilidade nos processos ambientais. A morosidade nas aprovações dificulta não apenas o setor privado como também as obras públicas do país.

“É preciso retirar a ideologia dessas discussões”, diz.

“A tentativa de união dos ministérios é válida. Deve-se criar uma secretaria dentro Ministério da Agricultura, mas que ela tenha agilidade.”

O futuro ministro que assumirá essas pastas unificadas poderá realmente perder o foco das questões específicas da agricultura.

Nos últimos dois anos, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, tem despendido grande parte de seu tempo apagando incêndios no setor.

Foram várias operações da Polícia Federal apontando desvios no controle sanitário e na qualidade da carne de algumas empresas.

Do lado do Meio Ambiente, o cenário também não foi tranquilo, principalmente após a ruptura da barragem de Mariana (MG). Serão muitos, e bastante diversificados, os problemas a serem enfrentados.

Os consumidores deverão ter um alívio no bolso na compra do leite nos próximos meses. Pelo segundo mês consecutivo, os preços caem no campo.

O consumo fraco, a recuperação lenta da economia e os preços elevados do produto, em relação aos do ano anterior, dificultam as vendas.

O valor do leite entregue pelos produtores às indústrias em setembro, cujo pagamento foi neste mês, recuou para R$ 1,44 por litro, 2,4% a menos do que em setembro, quando a queda havia sido de 6,6%.

Apesar dessas quedas, o leite acumula alta de 39% neste ano, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A previsão é de mais redução de preços dos próximos meses. A oferta deverá aumentar com a melhoria das pastagens e a produtividade cresce.

A consultoria Datagro elevou ainda mais a estimativa de déficit mundial de açúcar na safra 2018/19.

A safra, que começou neste mês, deverá ter uma oferta mundial do produto de 1,58 milhão de toneladas a menos do que o que vai ser consumido.

Em 2019/20, o déficit deverá ser maior ainda, somando 7,57 milhões de toneladas. Na safra encerrada no final de setembro último, a oferta mundial de açúcar superou em 7,54 milhões o consumo mundial.

Plinio Nastari, da Datagro, refez as estimativas de déficit devido à ocorrência de clima seco em várias das principais regiões mundiais produtoras.