Javalis podem ajudar a disseminar a raiva

Vírus transmitido pela saliva de morcegos-vampiros é um problema para rebanhos de corte e leite
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População desses animais só aumenta no país

Estudo com apoio da Fapesp, publicado na revista Frontiers in Ecology and the Environment, concluiu que a relação entre javalis e morcegos é muito preocupante.

Os pesquisadores, autores do artigo*, constataram um aumento alarmante na distribuição e no número de javalis e porcos ferais e demonstraram que os morcegos-vampiros (Desmodus rotundus) passaram a se alimentar do sangue destes porcos. Das cerca de 1.200 espécies de morcegos no planeta, apenas três alimentam-se exclusivamente de sangue. Desmodus rotundus é a espécie de vampiro com maior distribuição, habitando um território que vai do México até a Argentina. O animal busca principalmente sangue de gado bovino, mas há casos documentados de predação também a animais da fauna nativa, como antas e veados.

Na Mata Atlântica (que inclui Santa Catarina), cerca de 1,4% dos morcegos-vampiros apresenta o vírus da raiva. A transmissão de raiva por vampiros é uma das maiores preocupações dos pecuaristas no Brasil, mesmo nas regiões onde o gado é vacinado; uma vez que animais selvagens, o que inclui os porcos ferais, não são vacinados, criando um potencial elevado de disseminação da doença.

O vírus da raiva é transmitido por meio da saliva de morcegos, e o vampiro D. rotundus é também reservatório de outros vírus com potencial epidemiológico, como o hantavírus e o coronavírus.

Desde 2007, a população de javalis e javaporcos aumentou cerca de 500% no Brasil e, por serem considerados espécie nociva à fauna brasileira, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) liberou a caça desses animais em território nacional em 2013.

*São autores do artigo o professor Mauro Galetti do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, seu doutorando Felipe Pedrosa, a bióloga Alexine Keuroghlian da Wildlife Conservation Society (Brasil) e o professor Ivan Sazima colaborador do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).