Frigorífico JBS suspende o abate e a compra de bovinos em todo o país. A medida foi comunicada à Associa- ção dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) na tarde desta terça-feira (21). A empresa é uma das investigadas na operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e possui 15 unidades no Estado, sendo 11 destinadas ao abate de bovinos, 3 de couros e uma da Seara. As indústrias de abate processam 21 mil animais por dia, segundo estimativa da associação. Em todo o Estado, estão em operação 23 frigoríficos de abate de bois.
As unidades de abates da JBS estão localizadas em Água Boa, Alta Floresta, Araputanga, Barra do Garças, Colíder, Confresa, Diamantino, Juara, Juína, Pedra Preta e Pontes e Lacerda. As unidades de couros estão em Barra do Garças, Pedra Preta e Colíder e a unidade da Seara fica em Tangará da Serra. O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, informa que a suspensão foi justificada pela empresa como uma medida necessária diante da incerteza do mercado de exportação. “Eles nos informaram por meio de telefonema que o abate está suspenso durante esta semana porque os compradores do mercado externo estão pedindo prazo para analisar as possibilidades de embargo”.
A suspensão de abates também é confirmada por Alessandro Casado, pecuarista e presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos. “Recebemos a informação de que frigoríficos da região desmarcaram a escala de abates. Será remarcada na próxima semana, mas ainda sem definição de preço, o que nos deixa ainda mais preocupados”.
Luiz Freitas, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso, recebeu a notícia com insatisfação e reafirmou que os efeitos da operação são negativos para toda cadeia produtiva. “O consumo retraiu e as vendas estão difíceis. Estamos tendo dificuldade para escoar a produção tanto no mercado interno, quanto externo”, disse. “Se a JBS não abate, outros frigoríficos conseguem abater, mas o mercado está muito retraí- do”, lamenta. “Torcemos para que as investigações sejam esclarecidas o mais rápido possível porque toda a cadeia sofre os efeitos por causa de alguns”.
Vacari explica que compreende a incerteza do mercado e as medidas de suspensão. “Entendemos essa situação, mas não queremos que as indústrias não se aproveitem da possibilidade de suspensão para se aproveitar do produtor”, afirma acrescentando que a expectativa é que a crise se resolva o mais rápido possível porque toda a cadeia produtiva está sendo atingida.
OUTRO LADO – Por meio de nota, a JBS informou que “está operando seu abate conforme o previsto nesta semana. A companhia esclarece, no entanto, que está avaliando o mercado e irá adotar as medidas necessárias para adequação do volume de produção à demanda de mercado”.