A campanha de vacinação contra febre aftosa em Mato Grosso terá seu calendário invertido a partir de 2017. A assinatura do protocolo referente à essa alteração acontecerá durante a 44ª Exposul, em Rondonópolis, no dia 12 de agosto, às 16h. A inversão faz com que a imunização de todo rebanho bovino e bubalino, aconteça no mês de maio e em novembro, apenas os animais de 0 a 24 meses. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) solicita há tempos essa modificação. “Inverter o calendário de vacinas, como já é feito em outros Estados, é uma demanda dos produtores que Acrimat levou aos órgãos competentes para otimizar ainda mais os resultados na produção”, reforça José João Bernardes, presidente da Acrimat.
Na prática, para o Estado que tem o maior rebanho do país, com 29,3 milhões de cabeças, a alteração facilita os trabalhos com o rebanho já que o maio índice pluviométrico no último trimestre do ano compromete o manejo sanitário da fazenda. O período de chuvas ainda provoca maior índice de reações vacinais como abcessos e hematomas, que impactam tanto na estética – para animais de pista, como na retirada dos danos pelos frigoríficos na hora da limpeza da carcaça. Para o médico veterinário e superintendente da Acrimat, Francisco Manzi, a alteração ainda traz resultados efetivos na produtividade. “O manejo nos currais é uma parte muito importante para a vacinação, é preciso que ele seja realizado com o menor impacto possível. A maioria das propriedades realizam estação de monta a partir de outubro. Tanto a monta quanto as técnicas como a inseminação artificial por tempo fixo tem sua eficiência prejudicada quando realizadas em conjunto à imunização. Com a alteração, os retornos no campo serão imediatos”, destaca Manzi. Mato Grosso tem um rebanho de 15,2 milhões de fêmeas acima de 12 meses, que terão impacto direto na inversão, já que estudos apontam que a perda da gestação em vacas vacinadas, até o dia de diagnóstico de gestação, é de 4,2 pontos porcentuais superior às não vacinadas no período (Ferreira, et al 2014).
Em 2012, a Associação protocolou a primeira solicitação de inversão junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Novamente, em 2014, a demanda protocolada junto à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar – antiga Sedraf, ao Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) e à Superintendência do Mapa em Mato Grosso. Por fim, em 2016, novamente a Acrimat elaborou documento e oficializou o pedido ao Indea e à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a Sedec, que então, em parceria com a superintendência do Mapa em Cuiabá, elaboraram parecer técnico para que o departamento de Sanidade Animal do Mapa, em Brasília, avaliasse o pedido. O próximo passo, após a assinatura do protocolo de alteração, é a elaboração de uma instrução técnica normativa entre Sedec e Indea-MT, alterando oficialmente o calendário de vacinação a partir de 2017. Para o presidente do Indea-MT, Guilherme Nolasco, a ação está alinhada com a meta de ouvir os setores e atender as necessidades do produtor. “A alteração é fruto da demanda do setor. A próxima etapa é colocar em prática o novo calendário e para isso, além do apoio das entidades ligadas à pecuária, o Estado conta com o apoio do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso, o Fesa, para a ampla divulgação da inversão para que Mato Grosso mantenha os índices de cobertura superiores a 99%, que tem se repetido há nove anos”, explicou Nolasco. Em maio de 2016, na última etapa de imunização realizada, Mato Grosso teve índice de 99,4% de alcance nos rebanhos bovinos e bubalinos até 2 anos, mais de 12,1 milhões de cabeças.