Nessa briga ideológica atual, perdem os produtores

Problema é que a palavra "ruralista" está muito inserida nessas discussões
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O país vive momentos de intensificação da incompreensão e da violência. Os lados opostos estão cada vez mais opostos, eliminando qualquer chance de diálogo.

A caravana do ex-presidente Lula pela região Sul é um exemplo disso. Pedras, paus, ovos, máquinas agrícolas, “miguelitos” e até tiros estiveram presentes em parte do trajeto.

Um dos problemas desse cenário é que a palavra “ruralista” esteve presente na oposição da caravana do ex-presidente.

Os tratores nas estradas indicaram a participação efetiva de uma parte dos produtores rurais —de uma parte, apenas— nessa oposição contínua.

Não se nega aos produtores, assim como a qualquer cidadão, o direito de se manifestar contrária ou favoravelmente aos candidatos e a situações políticas dentro da ordem democrática.

O perigo de ações violentas, no entanto, é que podem provocar respostas semelhantes. A violência tende a se espalhar de forma indiscriminada e pode virar contra os próprios produtores.

Vídeos e mensagens veiculadas pelas mídias sociais, podem, num primeiro momento, vão suscitar revolta, mas vão gerando um acúmulo de ódio que, no futuro, pode trazer consequências drásticas.

Os poucos produtores que se engajam nessa luta ideológica com participação em atos que colocam a ordem em risco —muitas vezes, aplaudidos pelas lideranças do segmento— põem em risco todo o setor.

Com tanto ódio espalhado pelos extremos, a palavra “ruralista” pode ficar gravada na mente dos que estão sendo acuados hoje e, mais tarde, fazer que partam para o revide.

Em alguns meses, o trigo e o milho estarão extremamente secos e no ponto de colheita nos estados do Sul, suscetíveis a qualquer fagulha de violência.

Se persistirem os gestos de intolerância, quem não garante que a palavra “ruralista” poderá voltar à mente dos que hoje se sentem ameaçados?

Como disse Geraldo Alckmin, candidato à Presidência da República, em relação à caravana (para depois se retratar), “acho que eles estão colhendo o que plantaram”. A pior consequência que esse quadro de violência crescente, gerado pela ignorância, pode trazer é que os produtores não colham o que realmente plantaram nesta safra.

É um país que ninguém quer.