Novo estudo sobre gases de efeito estufa na pecuária

Balanço das emissões está sendo feito pela Embrapa e servirá de base
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Em junho, a Embrapa irá divulgar dados que vem levantando desde 2011 sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil. A iniciativa é da Rede Pecus, coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e que reúne instituições e universidades nacionais e estrangeiras. “Estamos falando de um estudo amplo, que traz pela primeira vez avaliações feitas de forma sistemática e padronizada em todos os biomas”, afirma Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte e líder do projeto no Cerrado.

Até aqui, Giolo explica que as informações que se tinham eram poucas e, por vezes, pontuais e isoladas. Era o caso, por exemplo, de uma universidade levantar o efeito benéfico de determinada dieta sobre a emissão dos animais ou checar em que medida um sistema de pastagem melhorada poderia incrementar as remoções. Só no Cerrado, estão sendo compilados balanços de sistemas de ILP, ILPF, pastagem tradicional, adubada, consorciada e confinamento. Alguns deles com recortes nas condições de clima e solo.

Onde se quer chegar? – Para o pesquisador da Embrapa Informática Luís Gustavo Barioni, com as pesquisas, abre-se um horizonte para modelar o impacto desses sistemas na redução das emissões e definir estratégias de mitigação via políticas públicas.

Em artigo publicado por Barioni, em conjunto com outros pesquisadores e seu orientando, Rafael de Oliveira Silva, provou-se a partir de modelos matemáticos que uma demanda 30% maior no consumo de carne até 2030 causaria diminuição de 10% nas emissões totais de gases de efeito estufa no Cerrado. A premissa dos estudiosos é que em paralelo com o aumento da demanda haja controle do desmatamento e recuperação de áreas de pastagem degradada. “Assim, teríamos uma intensificação do sistema, com aumento da quantidade de matéria orgânica no solo, maior sequestro de carbono e, entre os animais, ganho de peso mais efetivo”.

A descoberta pode ser aprimorada. “Agora, com esses dados, teremos condições de refinar o estudo”, afirma o pesquisador, que não descarta a possibilidade de criar modelos semelhantes para outros biomas. O trabalho também é parte do contexto da Rede Pecus.

Trabalho de formiguinha – Com a iniciativa da Rede, Barioni explica que o padrão para calcular as emissões não se altera, e que o que se quis foi melhorar a acurácia das informações sobre o país. O ganho é refletido em taxas dentro de uma grande fórmula: “Os sistemas no Brasil são diferentes, a digestibilidade da nossa dieta aqui é diferente, e com esses dados seremos capazes de fazer ajustes mais precisos”, afirma. No caso da emissão de dejetos, por exemplo, ele diz que a tendência do fator é diminuir por conta da dieta, que gera menor volume de óxido nitroso. Já do lado da remoção de gases de efeito estufa, os sistemas integrados são responsáveis por aumentar a captura de carbono.

De acordo com Giolo, o foco até o momento esteve em levantar dados sobre emissão e remoção para poder chegar a um balanço. “Daqui para frente vamos fechar conclusões por experimento e, aos poucos, promover uma ampliação da escala”, diz. A liderança da Rede como um todo fica na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos.

O 2º Simpósio Internacional Sobre Gases de Efeito Estufa na Agropecuária, em que serão apresentados os resultados das pesquisas, acontece de 7 a 9 de junho, em Campo Grande.