Ociosidade aumenta em maio

Paralisação no transporte de cargas no fim do mês prejudicou a atividade nas indústrias de carne, que suspenderam abates
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A ociosidade dos frigoríficos de Mato Grosso aumentou em maio. O uso da capacidade instalada reduziu 12,9 pontos percentuais (p.p) na comparação com o mês anterior, passando de 53,9% em abril para 41% no mês passado. A queda na atividade é reflexo da paralisação dos caminhoneiros, no fim de maio, que levou à suspensão nas operações por falta de gado para abate. Os dados constam em boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Abril foi o mês com maior nível de utilização da capacidade instalada em 2018, com 53,9%. O Imea destaca que em maio, além da queda expressiva nos abates, outros fatores contribuíram para a redução, como a adequação de um frigorífico ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), com capacidade de abate de 640 cabeças/dia, e outro abatedouro que aumentou a capacidade para 204 cabeças/dia. “As adequações desses frigoríficos, aliadas à greve, aumentaram a ociosidade das plantas, e os animais que não foram abatidos em maio estão sendo realocados para abate atualmente, fator este que tem contribuído para pressionar o preço da arroba”, avalia o Imea.

A paralisação dos caminhoneiros atrapalhou o recebimento de animais e o escoamento da produção frigorífica. Durante o movimento (que durou 10 dias no Estado), as 27 plantas ativas ficaram paradas por cerca de uma semana, de acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo/MT), Luiz Antônio Freitas. Isso resultou na queda de 18,5% nos abates, de 415,5 mil cabeças em abril para 338,4 mil em maio.

“As indústrias já conseguiram desovar os estoques que acumularam durante a paralisação, mas ainda continuam grandes porque não está tendo muita venda. Tanto a exportação quanto no mercado interno, o consumo está muito retraído e o volume de abate reduzido, com uso da capacidade baixa, porque não tem demanda”. Freitas destaca que as crises no mercado externo, com compradores como Rússia e China em todos os tipos de carne, acirraram as retrações do setor. “O que não é encaminhado para fora do país provoca excesso de carne no mercado interno e acirra a queda na venda de bovinos. Torcemos para resgatar as exportações e reduzir a crise do país, senão mais uma vez a cadeia produtiva pagará um preço caro pela crise”.

O resultado também é ruim para o produtor. “Geralmente em maio há um aumento no volume de abates porque o produtor começa a se preparar para a entressafra, ou seja, começa a esvaziar o pasto, se preparar para confinar e ainda há o descarte das fêmeas”, informa Luciano Vacari, diretor-executivo da Acrimat. A alta oferta de produto resultou em baixa nos preços. Na última semana, as cotações do boi gordo e da vaca gorda recuaram 0,28% e 0,25% respectivamente, segundo o Imea.