Pecuária mato-grossense em harmonia com o meio ambiente

Maior produção, em menor área e em acordo com a legislação permite que a carne do estado chegue a mais de 80 países
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A preocupação com o meio ambiente impulsionou a pecuária de corte mato-grossense. Em busca de atender as demandas do mercado e produzir em consonância com a preservação ambiental e otimização das áreas consolidadas, produtores de carne implantam tecnologias em todas as etapas produtivas e os resultados são nítidos. Nos últimos anos, Mato Grosso aumentou a produção de carne por hectare em 18% e reduziu em 5,5% as áreas pastagens.

O aumento de produtividade é o principal resultado, proporciona uma produção maior para atender as demandas mundiais por proteína, ao passo que transfere as áreas já abertas para outras atividades, evitando abertura ilegal de novas áreas. Em 2006, Mato Grosso possuía um rebanho de aproximadamente 26 milhões de bovinos em 25,7 milhões de hectares. Dez anos depois, eram 30 milhões de animais em 24 milhões de hectares.

Em carne, os pecuaristas de Mato Grosso atingiram a produção de 53,9 quilos por hectare, dez quilos a mais do que era produzido 2006. Para o diretor-executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, todo esse trabalho é resultados dos investimentos dos produtores em tecnologias. Da recuperação de pastagem ao melhoramento genético, a pecuária mato-grossense vem se apropriando de ferramentas para garantir resultados rentáveis e de acordo com as legislações.

“A pecuária, assim como as principais atividades do agronegócio, passa por um processo de tecnificação intensiva para aumentar produção sem desrespeitar as novas leis ambientais. São desafios impostos pela sociedade e acatados pelo setor para garantir alimento na mesa”, explica Luciano Vacari.

Tecnologias que mudaram a realidade do produtor de Alta Floresta, Celso Bevilaqua. Convidado a participar de um projeto de reforma de pastagem, irrigação e preservação e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) por uma instituição da área ambiental, Celso Bevilaqua deu início aos trabalhos em 2012 e em menos de três anos registrava aumento na produção de 6 para 23 arrobas por hectare.

“Por meio da parceria, recuperamos as pastagens e instalamos sistema de bebedouros artificiais que garante aos animais acesso a água potável durante todo o ano. Com isso elevamos a produtividade e impedimos que os animais consumam água de fontes naturais, preservando as áreas de proteção. A água é um dos principais instrumentos na busca por ganho produtivo”, explica o senhor Celso Bevilaqua.

Essas conquistas não estão restritas ao bioma Amazônia, no Pantanal mato-grossense também é possível identificar os ganhos produtivos a partir do uso de tecnologias. Com perfil voltado para a cria, a pecuária pantaneira vem adotando técnicas para melhorar o índice de reprodução, reduzir da idade de desmama dos bezerros e com a integração com a lavoura já possível terminar animais nas fazendas do Pantanal.

O médico veterinário e produtor Cristóvão da Silva conta que a realização da estação de monta, quando o período de reprodução é sincronizado, aliada a outras técnicas elevaram o índice de prenhez vacas de 50% para 70%. “Registramos ganhos impressionantes nas propriedades do Pantanal. Conseguimos antecipar a desmama em pelo menos seis meses com a suplementação alimentar e temos bezerros melhores e mais jovens”.

Bezerros mais pesados e desmamados antes também representam produtividade. Quanto mais jovens os animais vão para o abate, o ciclo produtivo fica mais rápido e a carne que chega à mesa é mais saborosa. “Se desmamamos mais novos e estes animais permanecem em sistemas tecnificados, mais cedo eles são terminados. Existem ferramentas para todas as etapas”, afirma Cristovão da Silva.

Em Mato Grosso, em 2006, 65% dos animais abatidos tinham mais de 36 meses. Ano passado essa média passou para 39%. A participação dos animais com menos de 24 meses nos abates passou de 2% para 15% do total de 2006 para 2017.

Novos e mais mercados

O pacote tecnológico que permitiu reduzir a abertura de novas áreas, produzir mais e com mais qualidade também proporciona a conquista de mais clientes e de outros nichos de mercado. O estado exporta hoje para mais de 80 países e disputa a liderança das exportações mês a mês com São Paulo. Além de terem o maior rebanho, os produtores mato-grossenses estão se tornando os maiores fornecedores de carne para o mundo.

O senhor Celso Bevilaqua explica que no projeto que integra, a comercialização da carne é feita pode meio de uma parceria que faz os contatos comerciais e expõe o trabalho realizado nas propriedades participantes.

“Precisamos replicar as informações porque os resultados são visíveis. Hoje mostramos para o mundo que podemos produzir em harmonia com o meio ambiente. Recebemos representantes de entidades, exibimos nosso modelo produtivo e comprovamos que podemos fornecer carne e preservar o meio ambiente”, afirma o produtor ao citar que conseguiram conquistar mercados fechados antigamente. “Temos carne produzida na Amazônia em grandes redes que antes desconheciam nosso sistema produtivo e por isso se recusavam a comprar nossos produtos”.

Com o objetivo de promover a carne produzida no estado, o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac) está implantando um selo de garantia de origem para comprovar o atendimento de requisitos de sanitários, ambientais, sociais e econômicos de acordo com a legislação vigente.

“O nosso sistema fará a verificação de todos esses requisitos, além de proporcionar toda transparência no abate através de três balanças controladas pelo Imac na linha de produção, romaneio, gráficos de rendimento e histórico por produtor”, explica o presidente do instituto, Guilherme Nolasco. Todas as informações e imagens das carcaças serão disponibilizadas em aplicativos de smartphones e pelo portal do Imac.

O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, explica que as opções são muitas para que cada pecuarista possa escolher a que melhor se adapta ao seu modelo, mas que o objetivo é um só, vender mais e melhor. “Acrimat acompanha pesquisas, estudos e discussões em todos os segmentos para apresentar ferramentas para que o produtor possa acessar as tecnologias e assim produzir mais, vender mais, melhorar a renda da atividade e contribuir ainda mais para o desenvolvimento do nosso estado”.

Alguns números da pecuária mato-grossense

  • 30 milhões de animais
  • 24 milhões de hectares
  • 6º maior rebanho comercial bovino*
  • 4º melhor aproveitamento de carcaça*
  • 1,5 milhão de hectares de integração

*Comparação de MT com outros países, incluindo o Brasil